Criámos um monstro de proporções bíblicas, cujas consequências começamos, aos poucos, a entender. Falo das “ilhas” de plástico que se estendem nos oceanos: a do Pacífico, conhecida como Grande Vórtex de Lixo, com uma área quatro vezes superior à da Alemanha; e a do Atlântico, descoberta em 2010, com concentrações de plástico que atingem os 200 mil fragmentos por quilómetro quadrado. É uma poluição quase invisível, pois a maioria dos fragmentos de plástico mede menos de 1 centímetro.
Criar imagens que exponham esta realidade difusa é o objectivo do fotógrafo norte-americano Chris Jordan. Midway é o seu projecto actual, que culminará com o lançamento de um documentário em 2013. Eis o trailer (contém imagens potencialmente chocantes):
http://www.youtube.com/watch?v=Ai3IKO_afqs
Como é que isto é possível?
Os 6,2 km2 do atol Midway, que deviam ser um santuário para a vida selvagem, são banhados pelo Pacífico Norte, onde existe o tal Grande Vórtex de Lixo. É nestas águas que milhares de albatrozes encontram a comida com que alimentam as crias nascidas em Midway. O problema é que estas aves não distinguem as lulas, peixes e crustáceos que são a base da sua alimentação, dos pedaços de plástico que flutuam ao sabor das correntes marítimas. Resultado? Milhares de crias de albatroz morrem anualmente famintas, engasgadas ou intoxicadas. Ao observar os cadáveres os investigadores concluíram que 97% das aves mortas tinham plástico no seu interior.
Mais sobre o trabalho de Jordan aqui: www.chrisjordan.com; www.midwayjourney.com.
Por cá, as praias também estão cheias de plástico e de outros resíduos. Assim, é de louvar iniciativas como a da Brigada do Mar que todos os anos, durante 15 dias, limpa o areal entre Melides e Tróia. Em 2011 recolheram 205 mil litros de lixo! A acção deste ano começa neste fim-de-semana, dia 12 de Maio.