Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Arca de Darwin

"Look deep into nature, and then you will understand everything better", Albert Einstein

"Look deep into nature, and then you will understand everything better", Albert Einstein

Arca de Darwin

30
Set12

Raios de vida

Arca de Darwin
Estes dias nublados em que o Sol espreita de quando em quando não são maus para observar répteis. Como precisam do calor exterior para regular a temperatura interna (animais ectotérmicos), parece que a ânsia de aproveitar cada raio de Sol torna-os mais tolerantes à presença humana.

Já aqui falei da lagartixa-do-mato (Psammodromus algirus), mas acrescento estas três imagens porque na 1ª quase que se consegue contar cada escama da cabeça, na 2ª nota-se a desproporção do tamanho da cauda face ao do corpo, e na 3ª vê-se um juvenil, com a cauda aparentemente translúcida.

29
Set12

Onde há seixos redondos, há (houve) água

Arca de Darwin
Esta semana a NASA revelou que o robô Curiosity encontrou mais uma prova de que a superfície de Marte teve água (além da que existe, congelada, nos polos). Os pequenos seixos arredondados incrustados em rocha conglomerada não deixam dúvidas: “Pelo tamanho, estimamos que a água que os transportou movia-se a cerca de um metro por segundo, com uma profundidade até à altura do tornozelo ou da anca”, explica William Dietrich, da missão Curiosity, investigador na Universidade da Califórnia.

Uma das próximas tarefas do robô é identificar a composição dos seixos.

Imagens: NASA/JPL-Caltech/MSSS

28
Set12

Fluviário – Todo o rio num aquário

Arca de Darwin
Sugestão para o fim-de-semana: visite o Fluviário de Mora, e deixe-se contagiar pela boa disposição das frenéticas lontras-de-garras-pequenas (Aonyx cinereus – espécie existente na Ásia). Espreite a nova galeria “Fluviário de Mora” em Lugares e saiba mais sobre o que encontrará naquele que é o primeiro grande aquário de água doce da Europa.

 
27
Set12

Tributo ao outro pai da Evolução

Arca de Darwin
A partir de hoje está online, num só site (wallace-online.org), toda a extensa obra do britânico Alfred Russel Wallace (1823-1913). Quem foi este homem? Tão só o pai da Teoria da Evolução por selecção natural. E Darwin? Também. A verdade é que ambos chegaram à mesma conclusão, ao mesmo tempo, e em separado.

Depois, alguns textos menos “felizes” de Wallace e o facto de ele próprio cunhar o termo “Darwinismo” – título do livro que publica em 1889 e onde defende as ideias de Darwin – consagram Darwin como o genial pai da Teoria da Evolução – e, de facto, é – e remetem Wallace para um lugar secundário na História da Ciência.Os dois “conhecem-se” quando Wallace está na Malásia, em 1858 (Darwin publica A Origem das Espécies em 1859). Wallace, naturalista, envia uma carta a Darwin acompanhada de um manuscrito. Pede-lhe que leia e, caso ache “interessante”, o remeta ao geólogo Charles Lyell. Darwin achou-o mais do que interessante! Ao lê-lo constata que ambos chegaram às mesmas conclusões. É um Darwin perturbado que reencaminha o manuscrito a Lyell. Na carta que o acompanha escreve: “Os seus próprios termos são títulos dos meus capítulos. (...)Toda a minha originalidade será esmagada”. Nesse ano, Lyell sugere  apresentar as teses de ambos na Sociedade Lineana - o que acontece. Darwin e Wallace tornaram-se amigos, e o primeiro sempre tratou o segundo como “co-descobridor” da Teoria de Evolução.Em termos de pensamento, os dois discordaram sobre o alcance do darwinismo: Wallace considera que a selecção natural não explica atributos humanos como a moral e a inteligência. Quanto ao resto da sua obra, os aspectos mais infelizes relacionam-se com incursões no mundo sobrenatural, mas tal não deve apagar o imenso mérito noutras áreas. Wallace foi dos primeiros a alertar para a necessidade de conservar espécies ameaçadas e é também o Pai da Biogeografia. Para este outro “filho” muito contribui o trabalho em que descreve uma “linha” (actualmente conhecida como “Linha de Wallace”), na Ásia, que separa duas comunidades faunísticas diferentes: uma associada à Ásia e outra à Austrália. De facto, a linha resulta do movimento das placas tectónicas, estruturas que, na altura, o mundo desconhecia.

Imagem: Pablo Alberto Salguero

 
27
Set12

Farto/a de slogans com “eco”, “verde” e “natural”?

Arca de Darwin
À preocupação com a saúde do planeta as empresas respondem com cada vez mais produtos “verdes”. Os consumidores, confusos e desconfiados, não alteram hábitos. A verdade é que apesar dos milhões gastos em publicidade a mensagem ecológica teima em não passar, e os publicitários continuam cegos e apáticos a esta realidade. O que está mal e como corrigir?

No ano passado, por esta altura, a directora de planeamento estratégico da Ogilvy, Graceann Bennett, deu uma conferência no GreenFest (evento cuja 5ª edição começou ontem e prolonga-se até 30 de Setembro, no Estoril - veja a "Agenda") onde apresentou o estudo/livro Mainstream Green (download gratuito, aqui).A obra, da autoria de Bennett e de Freya Williams (também da Ogilvy), mostra que o marketing verde vai nú, explica porquê, e apresenta 12 regras para comunicar a mensagem ecológica com eficácia.Mas afinal, o que está mal? O problema não são os consumidores. Vários indicadores confirmam que eles preocupam-se com o ambiente. Este mês, o estudo MeaningfulBrands, conduzido pela Havas Media, concluiu que:- 75% dos consumidores preferem comprar produtos produzidos de modo ambiental e socialmente responsável;- 47% dos inquiridos admitem pagar mais 10% por um produto produzido de modo responsável.No entanto, uma sondagem realizada em 2010 pelas universidades de Yale e George Mason, que  analisou as acções dos norte-americanos para poupar energia, reduzir resíduos e refrear o aquecimento global,  constatou, por exemplo, que 53% dos inquiridos considera importante desligar aparelhos eléctricos da corrente, mas não o faz. Já os portugueses, segundo o Eurobarómetro, no final de 2009 estavam abaixo da média europeia em todas as acções individuais na luta contra as alterações climáticas – reciclar, diminuir o consumo de energia, comprar produtos locais, etc.. Voltando aos norte-americanos, Mainstream Green (2011) revela que 87% deseja actuar de forma sustentável, mas, destes, apenas 16% o faz.Qual a justificação para a existência deste fosso entre intenções e comportamentos reais?Mainstream Green encontra várias barreiras à adopção de hábitos sustentáveis nos Estados Unidos. Uma delas é a culpa que os consumidores mais informados sentem pelo impacto que causam no planeta. Outra é os “verdes” serem frequentemente alvo de preconceitos e segregação social. Há mais duas barreiras importantes. Quando perguntaram aos inquiridos se achavam que “o movimento verde era mais feminino ou masculino”, 82% responderam “mais feminino”. Esta percepção afasta os homens de atitudes sustentáveis, “como reutilizar sacos nas compras ou guiar um Toyota Prius”, notam as autoras. Causa ou consequência, a maioria dos responsáveis por departamentos de ambiente em empresas são do sexo feminino...A segunda barreira é a mais evocada pelos norte-americanos: o preço. “O custo mais elevado passa a mensagem ao consumidor médio de que estes produtos são para alguém sofisticado e rico, não para ele”, lê-se em Mainstream Green.À dificuldade financeira somam-se a desconfiança e a confusão dos consumidores. A desconfiança assenta, por exemplo, nos produtos que prometem e não cumprem – o chamado greenwashing. Para a confusão contribuem várias situações, como a proliferação de rótulos ambientais e conceitos difíceis de abarcar, como pegada ecológica. Resultado? A maioria dos cidadãos mantém-se à margem do “movimento verde”.Bennett defende que os marketers não podem resolver todos os problemas, mas podem passar a mensagem de forma mais eficiente. Segundo ela, as empresas lucraram com os consumidores de nicho, pelo que não fazia diferença se os marketers comunicavam, ou não, para toda a gente. O problema é que depois tentaram aplicar a mesma fórmula à generalidade da população.Soluções?Os produtos ecológicos devem responder à regra dos três “P”: pessoas, lucro (profit), planeta. Mas promovê-los com base nestes atributos é um erro. Bennett sugere outros três “P” (usados, por exemplo, nas campanhas contra o cancro): pessoal, plausível, positivo.

É certo que cada caso é um caso. Mainstream Green aconselha a que não se utilize a palavra “verde” na mensagem publicitária, mas admite que em certas campanhas tal aconteça. O importante é não utilizar sempre a mesma abordagem. Eis as 12 regras que, se adoptadas por profissionais de diferentes área, massificarão os comportamentos sustentáveis:1 – O normal é sustentável. A maioria das pessoas quer integrar-se, não quer ser diferente. Promover produtos e atitudes verdes apelando à diferenciação é um erro. As autoras explicam que se trata da mesma psicologia usada no estado de Montana, Estados Unidos, para diminuir a taxa de condução sob o efeito do álcool. Quando as autoridades mudaram o slogan de “Não deixe que Montana seja o seu último local” para “A maioria de nós não conduz depois de beber”, a taxa baixou 14%.2 – Personalizar. “Não perguntes o que pode o consumidor fazer pela sustentabilidade; pergunta o que a sustentabilidade pode fazer por ele – e depois mostra-lhe”, brincam as autoras. E concretizam: “As empresas que conseguirem associar os seus produtos a elevados benefícios pessoais têm mais hipóteses de serem bem sucedidas. É o caso dos alimentos orgânicos”. De facto, segundo a Associação de Comércio Orgânico norte-americana, este sector cresceu 8% em 2010, enquanto o resto da indústria alimentar cresceu apenas 1%. Os produtos orgânicos, naturais e ecológicos para bebés também registaram aumentos significativos nas vendas. Porquê? “Nada é mais pessoal do que a saúde de um recém-nascido”, justificam.3 – Criar melhores padrões. “A conveniência sempre vendeu, e tornar a sustentabilidade conveniente é um incentivo poderoso”, consideram as autoras do estudo. Por exemplo, a IKEA baniu os sacos de plástico em 2008, retirando ao consumidor o peso da escolha entre papel e plástico.4 – Baixar o preço dos produtos sustentáveis. Os consumidores não devem pagar mais por terem um comportamento virtuoso. Em Portugal, o portal Naturlink lançou este ano a o Consumo 3.0, forma de consumo patrocinado que diminui o custo dos produtos para quem compra.5 – Subornar descaradamente.  “Pago ao meu filho um dólar por cada livro que lê. Não me arrependo. Antes ele não lia e agora é um leitor compulsivo”, confessou Bennett no Greenfest. O site Recyclebank recompensa os seus mais de 2 milhões de utilizadores por reciclarem, atribuindo-lhes pontos que dão descontos na compra de outros produtos.6 – Castigar. “A vergonha, o estigma e a culpa são motivadores poderosos, desde que na medida certa”, avisam Bennett e Williams. A cadeia de ginásios norte-americana Gym-Pact cobra menos a quem vai mais vezes ao ginásio, e mais a quem vai menos.7 – Inovar e criar melhores produtos. Muitos encaram a sustentabilidade como um retrocesso. Solução? Continuar a inovar e desenvolver produtos sustentáveis com elevada performance, como é o caso “das calças Levi’s WaterLess, cujo fabrico envolve poupanças de água de 28% a 96%”, ou dos ténis Nike, “mais confortáveis e com melhor desempenho, e feitos de materiais sustentáveis”, refere o estudo Mainstream Green.

8 – Largar a “bengala”. A luxuosa loja Barneys, em Nova Iorque, promoveu os seus primeiros adereços sustentáveis de moda com a etiqueta “eco-friendly”. Os objectos não tiveram saída. Julie Gilhart, então directora de moda da empresa, decidiu retirar a menção à sustentabilidade. As vendas dispararam. Conclusão? O “verde” não deve ser o atributo principal do produto.9 – Apelar ao ego masculino. As autoras sugerem que se publicite os produtos “eco-friendly” de maneira “male ego-friendly”. A promoção inicial do carro eléctrico Nissan Leaf (que, de facto, é eco-friendly) foi um fiasco  - além do nome, os cartazes mostravam um urso polar, recifes de coral, etc.. A campanha seguinte foi mais “amiga do ego masculino”: o ciclista Lance Armstrong, que derrotou um cancro e venceu sete vezes o Tour, deu a cara pelo Leaf.

10 – Tornar a sustentabilidade tangível. “Temos de encontrar formas de ajudar o consumidor a ver o invisível e a calcular as equações complicadas”, dizem as autoras. Segundo elas, a maioria dos condutores norte-americanos não está ciente da quantidade de CO2 que os carros emitem, nem dos efeitos prejudiciais desse gás. Como mudar comportamentos e diminuir esta poluição? “O valor do seguro dos carros é independente do número de quilómetros percorridos. Mas o que é que aconteceria se o preço dependesse da quilometragem?”, questionam.11 - Simplificar. Nos Estados Unidos a Comissão Federal do Comércio eliminou 300 rótulos ambientais. Bennett considera que, no máximo, bastavam cinco.12 – Hedonismo à frente do altruísmo. “Os humanos respondem de forma positiva a apelos que invoquem prazer e diversão”, notam as autoras. Por exemplo, a Wolkswagen, numa das suas sedes, transformou o piso das escadas em teclas de piano, com o objectivo de aumentar a actividade física dos trabalhadores.Um dos slogans da Nike abarca muitas destas regras: “Vamos ser tão amigos do ambiente que terás vontade de vomitar”. 

Nota: este post compila dois artigos que escrevi para as revistas Gingko e Recicla.

26
Set12

Invasão de formigas

Arca de Darwin
Várias paredes de prédios em Odivelas e Loures estão hoje cobertas de formigas aladas. Não tenho certeza de qual a espécie a que pertencem, mas as asas e a forma do abdómen apontam para que se trate da formiga-vermelha (Formica rufa).

Apenas as rainhas e os machos desta espécie possuem asas, mas perdem-nas após o acasalamento. Em certas alturas do ano, quando o ar está húmido e quente – como hoje – milhares de formigas (machos e rainhas) abandonam os ninhos e encetam um voo nupcial com o objectivo de formar novas colónias. Depois da cópula os machos morrem.

Cada colónia pode albergar até 250.000 formigas, que defendem o território com agressividade. Além das poderosas mandíbulas têm capacidade de libertar ácido fórmico pelo abdómen como forma de defesa. São predadoras vorazes de afídeos, grupo de insectos composto por várias espécies que são pragas. Daí que se recorra à introdução de formigas-vermelhas em áreas florestais para que elas controlem a população de afídeos.
26
Set12

Street View subaquático

Arca de Darwin

A Google anunciou hoje que adicionou ao Google Maps as primeiras imagens subaquáticas panorâmicas. “Através destas imagens vibrantes e impressionantes do mundo aquático poderá “nadar” pelos recifes de coral coloridos e ver mais de perto alguns dos seus animais”, lê-se no blog oficial da empresa.

"Plano aproximado de uma tartaruga marinha em Heron Island, Grande Barreira de Coral"

As imagens da Grande Barreira de Coral e da Ilha Apo, nas Filipinas, foram captadas por uma câmara aquática especial (SVII), no âmbito do projecto Catlin Seaview Survey, “importante estudo científico dos recifes mundiais”.

25
Set12

A borboleta que é... duas!

Arca de Darwin
A mais conhecida e (aparentemente) identificável de todas as borboletas é a borboleta-da-couve. O adulto é branco, com discretas manchas pretas no centro e na ponta das asas superiores. Estes insectos comuns em jardins, parques e hortas pertencem a duas espécies: a Pieris brassicae (borboleta-grande-da-couve) e Pieris rapae (borboleta-pequena-da-couve). 

 Pieris brassicae

Como distingui-las? Tal como os nomes indicam, a P. brassicae é maior do que a P. rapae – a primeira tem 52 a 58 milímetros de envergadura e a segunda 40 a 46 milímetros. Outra forma de distingui-las é através das manchas nas pontas das asas: verticais na P. brassicae (a grande) e horizontais na  P. rapae (a pequena).

 

Pieris rapae

As lagartas alimentam-se de plantas do género Brassica (daí o epíteto específico brassicae), ou seja, de couve, nabo, couve-flor, couve-de-bruxelas, rabanete, etc.. Contudo, as espécies não competem entre si porque a brassicae prefere as folhas exteriores e a rapae as interiores. As lagartas brassicae formam grupos e são verdes e pretas, enquanto que as rapae são mais solitárias e apenas verdes. Ambas têm apetite voraz e são um pesadelo para os amantes da jardinagem. No entanto, convém não esquecer que também são excelentes polinizadoras, pelo que aconselha-se a “sacrificar” uma ou duas couves para que assegurar o ciclo de vida destas borboletas.Já consegue identificar a espécie da foto em baixo?

 

Pág. 1/5