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Arca de Darwin

"Look deep into nature, and then you will understand everything better", Albert Einstein

"Look deep into nature, and then you will understand everything better", Albert Einstein

Arca de Darwin

31
Jul13

Afinal, quantos ovos põe o ganso-do-Egipto?

Arca de Darwin
Primeiro encontrei um casal de gansos-do-Egipto (Alopochen aegyptiacus) no jardim da Gulbenkian. Depois descobri outro no Parque das Conchas. Este último reproduziu-se e diligentemente cuidou da sua única cria. Pensei que a espécie poria 1 a 3 ovos, visto haver apenas um filhote. 

Gansos-do-Egipto (Alopochen aegyptiacus), Jardim Gulbenkian, Lisboa

Entretanto, passei pela Gulbenkian e fiquei surpreso com o número de crias de gansos-do-Egipto.

 O livro Aves de Portugal (Lynx, 2011) não faz qualquer referência à espécie e o Guia de Aves de Portugal e da Europa (FAPAS, 1993) refere-a, mas não indica o tamanho da postura. Aqui informam de que a fêmea põe 7 a 8 ovos, o que explica as 6 crias que nadavam juntas no lago da Gulbenkian.

30
Jul13

“Desvio” pelo jardim

Arca de Darwin
A instalação “Desvio”, de Luís Nobre, patente no jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, consiste numa série de toldos com padrões que o artista recolheu em vários locais do mundo.

Instalação "Desvio", de Luís Nobre, Lisboa

A conjunção dos diferentes motivos acrescenta outra dimensão à obra, a qual torna-se ainda mais rica e interactiva devido às telas transparentes que absorvem os contornos da vegetação e mudam de tonalidade com o avançar do dia.

 

As diferentes perspectivas impostas pelas telas lembram-nos de que devemos procurar novos pontos de vista.

 Aliás, no cartaz que apresenta a instalação lê-se que “Desvio” é um “apelo à disponibilidade indispensável à leitura da paisagem, seja ela a dos Jardins da Fundação Calouste Gulbenkian ou a do mundo contemporâneo, que nos é dado viver”.

29
Jul13

Numa parede perto de si – o cavalo de Aryz

Arca de Darwin
Em Dezembro de 2011 o artista espanhol Aryz esteve em Lisboa e expôs as suas obras na Montana Shop & Gallery. A galeria celebrava o 2.º aniversário e aproveitou a ocasião para desafiar o espanhol a criar uma das suas peças de maior impacto: as célebres e gigantescas pinturas que cobrem fachadas inteiras de prédios em cidades de Espanha, Dinamarca, Finlândia, Polónia...

Peça do artista espanhol Aryz, Lisboa

O resultado de quatro dias de trabalho intensivo está à vista de todos num prédio de 7 andares, na esquina da Rua de Santa Marta com a Rua Rodrigues Sampaio, em Lisboa.

 

Na altura, em entrevista à Time Out Lisboa, Aryz pouco adiantou sobre o significado da obra. “Não gosto muito de rococós ou de grandes mensagens. Gosto de brincar com a cor e com a forma”, afirmou.

Assim, cada um tira as suas conclusões. Embora a pintura tenha mais de um ano, só a vi na passada sexta-feira. Enquanto olhava na tentativa de absorver todos os pormenores, um jovem de calções, camisa branca, farta barba preta e copo na mão aproximou-se: “É o cavalo de São Jorge. O castelo está mesmo ali atrás. Está a afogar-se e o espírito está a libertar-se do corpo”, disse. “Esta é a minha interpretação”, ressalvou, sorrindo. Agradeci.

28
Jul13

Goraz: Ave do mês de Julho na Gulbenkian

Arca de Darwin
aqui falei do goraz, ave de hábitos nocturnos e pouco comum, o que dificulta observá-la. No entanto, há algumas cidades onde estabeleceram-se pequenas populações, como Odemira, Tomar e Lisboa. 

Goraz (Nycticorax nyctycorax), Jardim Gulbenkian, Lisboa

Os indivíduos da capital vivem em liberdade no Jardim Zoológico, mas por vezes aventuram-se em outros parques da capital. 

O jardim da Fundação Calouste Gulbenkian é um desses lugares e, este mês, o atarracado goraz é o protagonista da campanha “Um mês... uma ave”.E a verdade é que hoje, assim que entrei no jardim, lá estava ele a posar para a fotografia, como se soubesse que é a “celebridade” de Julho.

26
Jul13

O colorido abelharuco

Arca de Darwin
Verde, castanho, amarelo, azul, preto e laranja são algumas das cores que compõem a plumagem do abelharuco-comum (Merops apiaster). As fotos são fraquinhas (colocarei umas melhores assim que as tenha) e não fazem jus à beleza desta ave, mas não queria que o Verão acabasse sem falar dela. Este visitante estival (chega em Abril e parte em Setembro) é mais abundante a sul do rio Tejo, mas também existe no norte do país.

Abelharuco (Merops apiaster), Castro Verde

Vive em colónias e constrói os ninhos escavando buracos em solos arenosos.

Como o nome indica, as abelhas são uma das principais componentes da dieta, ainda que também coma outros insectos, como vespas, gafanhotos e térmitas. Por vezes caça em bando e a grande altura do solo. No entanto, é fácil de observar quando poisa em ramos de árvores, vedações ou cabos eléctricos. 

Mede cerca de 28 centímetros.

Tal como o guarda-rios, pertence à ordem Coraciiformes.
25
Jul13

Evolução, invasoras e a publicação anteriormente conhecida por “jornal de referência”

Arca de Darwin
aqui falei da relação difícil entre o jornalismo e a natureza. Essa dificuldade estende-se a outras secções dos media e tende a agravar-se à medida que cada vez mais bons jornalistas são despedidos, e depois substituídos por estagiários não remunerados, que ficam apenas três meses nas redacções. As duas “gafes” seguintes ocorreram no jornal Público – supostamente o diário nacional de referência –, uma no final de Junho e outra em meados deste mês.

Chorão-das-praias, Ericeira

A mais recente não é da autoria de um jornalista – é de uma engenheira hortofrutícola e arquitecta paisagista –, mas passou o crivo da edição. Com o título Vamos cultivar suculentas e ilustrado com a foto de um chorão-das-praias, o artigo começa assim: “Erva-pinheira, arroz-dos-telhados ou chorões-das-praias são apenas alguns exemplos destas plantas, que, por serem fáceis de cuidar, são ideais para novatos. Podem ser implantadas em vasos, floreiras ou jardins”. Na verdade, o chorão-das-praias (Carpobrotus edulis) não pode. Porquê? É ilegal, visto tratar-se de uma espécie exótica e invasora. (mais informação sobre este artigo, aqui)

Melro, Parque das Conchas, Lisboa

A mais antiga é um atropelo ao evolucionismo (e não só). Com o título Melros da cidade evoluem e ficam mais tímidos, começa assim: “A revolução industrial teve o condão de acelerar o crescimento das cidades, com um impacto incontornável no mundo natural. Um dos primeiros efeitos observados, que hoje é um exemplo clássico da adaptação de uma espécie ao ambiente, aconteceu quando uma população de borboletas, em poucas gerações, passou a ter asas pretas em vez de brancas graças à fuligem produzida pelas fábricas”. Não percebo bem o que o autor quer dizer, mas o que aconteceu foi que a população de borboletas já tinha variantes com asas pretas e outras com asas brancas (as predominantes antes da revolução industrial). A poluição que depois surgiu escureceu os locais onde as borboletas pousavam. Nestas condições, a cor preta das asas servia de camuflagem, aumentando a probabilidade de sobrevivência desta variante. As brancas destacavam-se no preto e estavam mais vulneráveis aos predadores.Então, e os melros? A escolha do adjectivo “tímido” contraria o que qualquer pessoa facilmente constata quando compara o comportamento desta ave na cidade com o comportamento dela no campo: nos jardins da cidade quase que vêm comer à mão dos humanos; no campo fogem assim que detectam a presença humana. O estudo que serve de base ao artigo do Público refere que os melros da cidade evitam objectos novos no seu habitat, enquanto que os do campo aproximam-se destes elementos estranhos.E assim vai o jornalismo de referência.

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