![nelson_andancas_1]()
Parece impossível que os contornos delicados daquelas belas figuras de animais e de humanos extraídos da madeira resultem de algo tão rude como uma motosserra.No entanto, é mesmo isso que acontece, ali bem à frente dos nossos olhos, graças ao talento de Nelson Ramos, 40 anos, entalhador e escultor de madeira.
![nelson_andancas_3]()
Peça de Nelson Ramos. Andanças, Castelo de Vide (Agosto de 2013)
Artesão há 20 anos, Nelson começou a usar a motosserra há apenas três anos. É com este parelho que esculpe aquilo a que chama o “esboço” de uma peça, embora ao olhar de um leigo pareça já uma obra bem acabada. “Vi um vídeo no Youtube sobre esculturas com motesserra e resolvi experimentar. Antes demorava 10 a 12 dias a terminar um esboço. Com a motosserra faço um a dois esboços por dia”, justifica.
![nelson_andancas_2]()
Encontrei Nelson no Andanças, Castelo de Vide, onde esteve toda a semana a trabalhar, surpreendendo os milhares de festivaleiros que por ali passaram. Ninguém ficou indiferente às esculturas.
![nelson_andancas_5]()
![nelson_andancas_6]()
![nelson_andancas_7]()
“A reacção das pessoas foi muito além do que esperava. Recebi muitos elogios e houve até um jovem que veio ter comigo e agradeceu-me por estar ali a mostrar o meu trabalho”, conta Nelson, visivelmente sensibilizado com a resposta do público. “O dinheiro é importante”, diz o escultor, “mas os elogios fazem muito bem à auto-estima”, conclui.
![nelson_andancas_8]()
![nelson_andancas_9]()
![nelson_andancas_4]()
Além das esculturas ele também cria peças de entalhe, para as quais utiliza formões, goivas e maços. Quanto à madeira, não tem uma preferida: “Trabalho com qualquer madeira. Posso usar uma por a cor ser mais bonita ou, se a peça tiver muitos acabamentos, opto por uma mais fácil de trabalhar”.
![entalhe_1]()
![entalhe 3]()
![entalhe 2]()
A arte de Nelson chegou aos ouvidos do vice-presidente da Câmara de Castelo de Vide. O autarca foi buscá-lo ao Marvão e instalou-o na sua vila. “Estou-lhe muito agradecido”, faz questão de salientar. É na Casa do Morgado que o artesão tem a oficina, a par de outros artistas, e onde trabalha de portas abertas, convidando quem passa a entrar e assistir. Na divisão ao lado fica a área de exposição, que serve como ponto de venda. “Os valores variam muito. Há peças que custam 10 euros e outras que chegam aos 5.000 euros”, informa.
![nelson_andancas_a10]()
As peças aqui retratadas decoraram as bermas dos carreiros no recinto do Andanças. Mas Nelson tem muitas outras. Para as conhecer visite o blog “
Escultor de Madeira”, plataforma onde divulga os seus trabalhos.