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É uma das jóias da coroa do património natural da Austrália Ocidental. E é um lugar estranho, com características que ainda intrigam os cientistas que o estudam. Chama-se Pinnacles Desert (Deserto de Pináculos) e fica a cerca de 200 km a Norte de Perth, no Parque Nacional de Nambung, perto da vila de Cervantes.
Todos os anos cerca de 250.000 pessoas visitam as invulgares formações geológicas do parque.
Como é que os pináculos se formaram? A questão ainda está em aberto. Certo é que são compostos de calcário, proveniente dos pedaços de conchas depositados na linha da costa. Reduzidos a finos grãos de areia pela acção de agentes naturais, estas "conchas" e outros materiais provenientes dos rios foram então levados pelo vento para locais mais afastados da costa, formando dunas em locais mais ou menos inesperados.
De facto, durante a viagem de Perth para Cervantes, à medida que nos aproximamos do Parque Nacional de Nambung observamos enormes dunas de ambos os lados da estrada que corre paralela à linha de costa.
Há cerca de 500.000 anos (encontrei estimativas com valores mais baixos, mas este é o que figura no centro interpretativo do Pinnacles Desert) as areias viajaram da praia até ao interior onde formaram dunas. A água da chuva dissolveu o carbonato de cálcio proveniente das conchas, arrastando-o até à base das dunas. Depois de secar, recristalizou, formando calcário.
Entretanto uma camada de solo formou-se sobre as dunas, permitindo a existência de plantas. Aos poucos as raízes perfuraram o solo, depois a fina camada de duna, e finalmente alcançaram a espessa camada do macio calcário.
Há várias hipóteses sobre o que aconteceu a seguir, mas os pináculos resultarão da acumulação de materiais em torno dos canais criados pelas raízes.
Finalmente, a chuva e o vento intervieram novamente, arrastando solo e dunas, de maneira a expor os pináculos. O "tapa, destapa" terá ocorrido várias vezes ao longo dos milénios. A última terá sido há 6.000 anos.
Quaisquer que sejam os detalhes do processo geofísico, é fantástico olhar para os pináculos - alguns com mais de 4 metros de altura -, e saber que se formaram há milhares de anos por terem uma planta a crescer sobre eles.
As celebrações do Dia da Austrália começaram às 15:00h, nas duas margens do rio Swan, em Perth. Para entreter a multidão havia um leque muito variado de actividades: concertos, escorregas-de-água, feira de ciência, passeios de camelo, show de motos... No meio desta miscelânea estava uma pequena tenda de uma associação de conservação da Natureza. Objectivo? Lutar contra a má fama que persegue as cobras.
Por um lado, e com a maioria das pessoas a morar em vivendas, os australianos estão mais habituados do que os portugueses ao contacto com espécies selvagens. Por outro, como a maioria das cobras são venenosas, também aqui há uma certa fobia e intolerância para com estes répteis.
Para combater esse estigma nada melhor que o contacto directo com "amigáveis" pitãos. Nem todos os adultos seguraram nos animais, mas as crianças pareciam bastante à vontade com as cobras na mão.
Já conheci várias pessoas que têm pitãos como animais de estimação, mas julgo que não as terão retirado da Natureza, mas adquirido através de lojas ou criadores devidamente autorizados, como esta quinta de cobras.
Ontem celebrou-se o Dia da Austrália. O evento mais aguardado aqui em Perth foi, sem dúvida, o fogo-artifício. Cerca de 300.000 pessoas assistiram ao espectáculo que custou meio milhão de dólares e decorreu junto à margem do rio Swan, numa faixa de 1 km. Durou 30 minutos, com o rio a servir de espelho e os arranha-céus de pano de fundo. Em baixo encontra uma galeria com mais imagens.
À primeira vista a decisão da Câmara de Lisboa de proibir a circulação de carros com matrícula anterior a 2000 em certas áreas da cidade parece estapafúrdia. À segunda também.
É certo que são necessárias medidas que diminuam a poluição (nomeadamente os níveis das PM10 - partículas inaláveis de diâmetro inferior a 10 micrómetros - e do NO2 - dióxido de azoto) que prejudica a saúde humana, indo ao encontro dos limites estabelecidos por Directivas europeias. Mas a decisão camarária assenta na lei da menor esforço e, infelizmente, também vai ao encontro de outro objectivo da Directiva que é, nesta Europa comandada pela Alemanha e pela França (com os resultados que todos os europeus conhecem e sentem na pele), proteger a indústria automóvel destes dois países.
Existiam alternativas? Sim. Note-se que há carros com matrícula anterior a 2000 que podem circular desde que instalem um catalisador - que custa entre 100 euros e 600 euros - para reduzir a emissão destas partículas, mas pouco ou nada se fez/faz para divulgar esta informação, pois o que é preciso é vender carros novos. No entanto, a alternativa mais óbvia, mas mais trabalhosa, era "reinventar" o transporte público (embora não tão trabalhosa como criar condições para que se viva e se trabalhe na cidade, evitando assim a necessidade de circular de carro). Como? Com transportes mais fiáveis, ou seja, que cumpram horários e que não avariem tanto (principalmente no caso do metro); com mais transportes, de forma a que não se viaje como sardinha em lata; com mais segurança; e com preços mais acessíveis para os utilizadores.
Por exemplo, aqui em Perth, Austrália Ocidental, no centro da cidade os transportes públicos são gratuitos e há autocarros movidos a hidrogénio. (Não pense que aqui tudo funciona bem. Os transportes terminam demasiado cedo - cerca das 10h da noite - e a "noite" acaba cada vez mais tarde, pelo que, numa cidade gigantesca, as pessoas deslocam-se de carro até aos locais de diversão, bebem, e depois não há semana em que um condutor alcoolizado não entre quintal - e casa - adentro de um qualquer infeliz. E na periferia da cidade há ruas sem passeios, porque não passa pela cabeça desta gente que alguém se desloque a pé e não de carro).
Noutros países fora da Europa há quem combata a poluição e o excesso de carros nas cidades com proibições mais justas e, suponho, mais eficazes - algo como: numa semana só circulam carros com matrícula par e noutra só carros com matrícula ímpar.
Fora desta questão da poluição em Lisboa ficou o famoso CO2 e o resto do ambiente. Um carro novo de alta cilindrada emite mais CO2 que muitos utilitários pré-2000. Imagine-se barrar a entrada em Lisboa aos cada vez mais ricos e não ao mexilhão... Mexilhão que, em vez de ser premiado por preservar o ambiente e conduzir o mesmo carro durante mais de 10 anos - poupando todas as emissões e matéria prima associadas à construção de um carro -, é agora impedido de circular na avenida dita da Liberdade, ainda que pague o Imposto Único de Circulação e que tenha carro inspeccionado e aprovado pelo IMTT, que até pode ser igualzinho a um carro de 2001... Mexilhão que pagou as trafulhices da banca e que agora prepara-se para vender o carro e endividar-se para comprar um novo, de que não necessita, mas que alguém precisa vender. E este belo carro novo terá peças feitas para durar 1/5 do tempo que duravam as antigas e terá design moderno, com faróis traseiros de peça única e área exagerada, estendendo-se para cima, para baixo e para os lados do carro, de forma a aumentar a probabilidade de serem atingidos num qualquer toque na estrada, obrigando à substituição de toda a dispendiosa peça. Mexilhão que continuará exposto a partículas nocivas à sua saúde, já que os níveis em 2013 continuavam a ser mais do dobro do permitido por lei, e dificilmente esta medida grosseira resolverá a situação.
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