Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Arca de Darwin

"Look deep into nature, and then you will understand everything better", Albert Einstein

"Look deep into nature, and then you will understand everything better", Albert Einstein

Arca de Darwin

28
Nov17

"Urso-Pardo em Portugal ‒ Crónica de uma extinção" já está nas bancas

Arca de Darwin

Sim, existiram ursos em Portugal, de norte a sul do país, e sim, é possível que, a curto prazo, voltem a existir, mas serão animais que vivem em Espanha e que atravessarão a fronteira, mas que não permanecerão por cá muito tempo. Mas já lá vamos. Para já, parabéns ao Paulo Caetano pelo seu 20.º livro sobre o património natural e/ou cultural português. É obra, da boa, e é muito necessária.

Desta feita, Urso-Pardo em Portugal - Crónica de uma extinção foi escrito em parceria com Miguel Brandão Pimenta (que foi, até 2012, técnico superior no Parque Nacional da Peneda-Gerês, onde foi autor e coordenador do Centro de Recuperação de Fauna) e tem lançamento oficial marcado para as 18:30h de amanhã, 29 de Novembro, em Lisboa, na Sala "O Século", Rua do Século, 63. Dois dias de pois, a 1 de Dezembro, ocorrerá o lançamento no Porto, às 19 horas, na Galeria da Biodiversidade no Centro Ciência Viva, Rua de Campo Alegre, n.º 1191.No passado, o urso-pardo (Ursus arctus) ocupava todo o território continental português. Pensava-se que se extinguira por volta de 1650, mas uma das novidades deste livro é literalmente a notícia (publicada na Revista Universal Lisbonense) da morte de um exemplar durante uma montaria no Gerês, em 1843.

Foto: Paulo Caetano

A perseguição movida pelos humanos foi uma das principais causas para o desaparecimento do urso-pardo no nosso país. O próprio D. Dinis contribuiu directamente para a extinção da espécie quando em Beja, em 1294, decidiu caçar um exemplar. O livro recupera o seguinte relato: O urso arremeteu com êle, e o derrubou do cavalo; mas el rei, sem perder o ânimo, lutou corpo a corpo com o urso, e cravou no peito deste o punhal que trazia à cinta, livrando-se assim dêle". Noutra página, Paulo Caetano e Miguel Brandão Pereira dão nota de que o monarca estabeleceu o foro que os moradores de Casais de Valoura teriam de pagar quando matassem ursos, porcos monteses, cervos e corços: "(…) darem do vrso as maãos e do porco montes a espadoa e do ceruo e o corço a perna (…)". Ou seja, teriam de dar as partes mais saborosas de cada espécie, que, no caso dos ursos, são as mãos.Outra causa decisiva para o desaparecimento da espécie foi a perda de habitat. E alguns dos factores de então continuam bem presentes, como fogos e pinhais e eucaliptais em substituição de carvalhais.Daí que mesmo que algum exemplar da população espanhola atravesse a fronteira - já foram avistados a poucos quilómetros acima de Vinhais, em Trás-os-Montes -, não encontrará condições para subsistir em Portugal.

Foto: Paulo Caetano

Quanto à população espanhola, nos últimos 30 anos a recuperação tem sido notável. As duas populações que existem nos Montes Cantábricos somam mais de 240 indivíduos. Como é difícil determinar o efectivo exacto, os biólogos recorrem ao número de fêmeas com crias para avaliar a saúde e evolução da população. Os dados apresentados pela Fundación Oso Pardo são estes: em 1989 existiam 6 fêmeas com crias; em 2016 existiam 60 fêmeas com crias.Há ainda uma outra população nos Pirinéus, com cerca de 42 animais, mas são exemplares que resultam de uma re-introdução, provenientes da Eslovénia. O último urso natural desta região morreu em 2004.O urso-pardo vive entre 25 e 30 anos. Mede 2 metros; os machos pesam cerca de 115kg e as fêmeas 85kg.Uma penúltima nota para referir que, além da caça ilegal, estes animais continuam a ser perseguidos de outras maneiras. Hoje mesmo (28 de Novembro), o jornal El País mostra as imagens de dois ursos acossados por um condutor numa estrada da Cantábria.Finalmente, uma curiosidade que também está neste livro: "no nosso país, Odivelas é a única cidade que exibe no seu escudo um urso."

27
Nov17

Para que serve o Preto e Branco na Natureza?

Arca de Darwin

Se tem conta no Facebook provavelmente já se deparou com um convite para um desafio para diariamente, e ao longo de uma semana, colocar um post sobre um determinado tema. O desafio mais recente apela à publicação de fotografias a preto e branco. Desafiado, aldrabei ligeiramente as regras e publiquei de uma só vez 7 fotos de aves com apenas dois tons: preto e branco. Foram 7 mas podiam ter sido muitas mais.

Entretanto, pensei: para que serve o preto e branco na Natureza? Seria engraçado se houvesse uma resposta no âmbito da economia evolutiva, tipo: para os animais, produzir coberturas a preto e branco é mais "barato" que a cor, como as fotocópias. Ou então, no âmbito da antiguidade, tipo: o preto e branco é mais primitivo do que a cor, como as televisões. Mas não.

A verdade é que não se sabe para que serve o preto e branco. Tim Caro, professor de Biologia na Universidade da Califórnia em Davies, é o investigador que descobriu que as riscas da zebra servem para afugentar moscas, e assim evitar picadas, e que o padrão do panda tem várias funções: as partes brancas servem para camuflagem na neve; as orelhas pretas servem para indicar que o animal é perigoso e/ou agressivo; os olhos servem para identificação intra-específica ou para indicar agressividade.

Neste artigo, Caro resume o conhecimento actual sobre o assunto e conclui que o reconhecimento intra-específico e a indicação de que o animal é perigoso são as duas principais razões para padrões a preto e branco. Por outro lado, descarta explicações como sinalização de dominância ou regulação da temperatura do corpo.

22
Nov17

Um asteróide de outro mundo

Arca de Darwin

Dá pelo nome de Oumuamua ("mensageiro", em havaiano) e é o primeiro asteróide registado que provém de um outro sistema estelar que não o nosso sistema solar. A descoberta feita no mês passado foi publicada há dois dias na revista Nature. Este objecto interestelar tem cerca de 400 metros de comprimento.

Imagem: European Southern Observatory