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Arca de Darwin

"Look deep into nature, and then you will understand everything better", Albert Einstein

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Arca de Darwin

26
Mar19

Malmequer e Margarida: qual a diferença?

Arca de Darwin

Todos já usámos as palavras "malmequer" e "margarida" e, quando éramos crianças, provavelmente arrancámos as pétalas de uma flor enquanto jogávamos ao "Bem me quer... mal me quer". Mas será que sabemos a diferença entre as duas flores? Existirão diferenças? Serão flores?

Tanto o malmequer como a margarida pertencem à ordem Asterales e à família Asteraceae, que são chamadas de plantas compostas: a flor típica que sempre desenhámos, com um disco central e pétalas na periferia. Ora, na verdade, a "flor" não é uma flor mas uma inflorescência: o "centro" é formado por inúmeras flores tubulosas e as "pétalas" não são verdadeiras pétalas, mas sim flores com um prolongamento de um dos lados (a que se chama lígula). Este tipo de inflorescência (flores agrupadas sobre um receptáculo) tem o nome de capítulo.

Antes de avançar para a distinção entre as duas "flores" convém ter presente que os nomes comuns não têm significado "biológico". Pensemos na última orquídea aqui apresentada, a Cephalanthera longifolia, que não tem nome comum em português, e na espécie Tropaeolum majus, que é conhecida por chaga, capuchinha, cinco-chagas, nastúrcio, agrião-do-méxico, flor-de-sangue e mastruço. Sendo certo que ambas existem, o que as identifica em qualquer parte do mundo é o nome científico (que, para isso, é escrito numa língua morta). Ou então pensemos no jogo referido anteriormente e que em Portugal chama-se "Bem me quer... mal me quer", mas cuja versão original — a francesa — dá pelo nome de "Effeuiller la marguerite", que é como quem diz, "Desfolhar a margarida".

Então, qual a diferença entre as duas asteráceas? A resposta mais simples que muitos peritos darão é que, em geral, as margaridas são brancas e os malmequeres são amarelos. Não sei até que ponto a diferença de nomes estará relacionada com o uso de flores em efemérides. (Como os "malmequeres" (Chrysanthemum sp.), ou crisântemos, foram sendo associados ao Dia de Finados, as "margaridas" terão ficado para outras datas mais alegres).

Mas a distinção pela cor talvez tenha que ver com a própria palavra Chrysanthemum, que significa "flor-sol" ou "cor de ouro". Estas flores já eram cultivadas na China no século XV a.C. O selo imperial do Japão, adoptado em 1183, é um crisântemo amarelo.

A associação entre o género Chrysanthemum e o nome comum malmequer parece promissora. De facto, quando pesquisamos "malmequer" no diccionário online da Porto Editora, aparece a espécie Chrysanthemum coronarium. Mas há dois problemas. O primeiro é que a definição refere: 1 — "designação comum, extensiva a diferentes plantas da família das Compostas, que se destacam pelas flores delicadas, geralmente de centro amarelo e corola branca, que inclui espécies também conhecidas por bem-me-quer, margarida, etc." 2 — "... Chrysanthemum coronarium (...) com flores amarelas ou com base amarela e lígulas brancas." E a verdade é que o C. coronarium tanto pode ter lígulas brancas como amarelas.

No mesmo diccionário, "margarida" é: 1 — "designação comum, extensiva a diferentes plantas da família das Compostas, que se destacam pelas inflorescências, geralmente com recetáculo amarelo e pétalas brancas ou coloridas, sendo também conhecidas por bem-me-quer, bonina, malmequer, etc.; margarita." 2 — "(Bellis perennis) planta herbácea, da família das Compostas, espontânea em Portugal, tem folhas de margens serreadas e capítulos de flores liguladas, brancas, vermelhas ou variegadas."

Bellis perennis é a espécie tipo do género Bellis, que em Portugal tem quatro espécies. E se pesquisarmos "margarida" no site Flora On (da Sociedade Portuguesa de Botânica), aparecem as quatro espécies. O nome comum inglês da Bellis perennis é Daisy (vem de "day's eye"), que traduzido para português é margarida.

Apesar de alguns percalços, como a dualidade cromática do C. coronarium, podemos dizer que os malmequeres são amarelos e pertencem ao género Chrysanthemum, e que as margaridas são brancas e pertencem ao género Bellis.

O problema é que se pesquisarmos "malmequer" no Flora On aparecem 33 espécies de 16 géneros diferentes: umas brancas, outras amarelas; umas raras, outras comuns; umas nativas, outras exóticas; umas com flores liguladas, outras sem; umas conhecidas por malmequer, outras por margarida.

21
Mar19

Lisboa: um outro ângulo

Arca de Darwin

É inevitável: quando se olha de cima e ao longe para Lisboa, não só emergem as cores típicas da cidade, como a paisagem transforma-se num quadro geométrico onde se destacam linhas e quadrados. Os humanos? Somos formiguinhas - o maior ser "vivo" é mesmo a abelha do Bordalo II na LxFactory. A mini-maratona do fim-de-semana passado permitiu-me atravessar a Ponte 25 de Abril a pé e fotografar alguns detalhes das freguesias de Alcântara e da Estrela.

20
Mar19

Orquídea sem nome ("Cephalanthera longifolia")

Arca de Darwin

Hoje é o primeiro dia de Primavera. Na última semana as orquídeas da Estação da Biodiversidade de Fontelas, Loures, como se soubessem que a data estava à porta, começaram a florir. Há uns dias havia apenas um ou dois exemplares de Cephalanthera longifolia; ontem havia dezenas ao longo do curto percurso.

As flores — geralmente entre 5 e 25 — ainda não estão completamente abertas, mas aqui e ali já anteveem algumas manchas amarelas. A planta pode chegar aos 60 centímetros de altura, mas é mais comum ter entre 25 e 40 cm.

A época de floração ocorre entre Março e Julho.

Facto curioso: em Portugal a Cephalanthera longifolia não tem nome comum. Já o "longifolia" refere-se às folhas compridas e afiladas.

Encontra-se em espaços abertos ou sub-cobertos (em Fontelas está geralmente em áreas com alguma sombra), preferencialmente em solos calcários. A espécie existe na Europa, Norte de África e Ásia. Em Portugal ocorre de norte a sul e é relativamente abundante.

Em Fontelas, há algumas espécies de orquídeas que ainda não floriram, como é o caso da orquídea-piramidal. No entanto, a diversidade que ontem o local apresentava vale bem uma visita. Eis as fotos para servirem de guia:

Erva-vespa-rosadaOphrys tenthredinifera (pouco abundante no prado a seguir à linha de água, no final do percurso)

Erva-vespaOphrys lutea (abundante em todo o percurso, particularmente no prado a seguir à linha de água)

Moscardo-fuscoOphrys fusca (pouco abundante, parte intermédia do percurso)

Homens-núsOrchis italica (1 exemplar na parte superior do percurso — no prado do lado direito)

Orquídea-giganteHimantoglossum robertianum (1 exemplar na parte superior do percurso — no prado do lado direito)

18
Mar19

Barcos no Tejo

Arca de Darwin

Domingo o céu estava nublado. O Tejo, visto de cima, alternava entre tons esbranquiçados, cinzentos e azuis pálidos. A meio da Ponte 25 de Abril era fácil perder os barcos numa imensidão de água ou emoldurá-los entre as barreiras da ponte. Aos poucos, Lisboa lá foi entrando no enquadramento. "Cidade prateada semeada de Tejo", como lhe chama Adília Lopes.

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