Viagem através das cores
Estava a remexer no baú digital de fotografias e encontrei estas de Lisboa tiradas em dois ou três dias diferentes antes da quarentena. Juntas, evocam várias características que tornam esta cidade tão única. A mais evidente é a cor de Lisboa.
Tal como a Lisboa das colinas é porosa, com as ruas a desaguarem umas nas outras através de arcos e escadarias, nesta sequência de imagens também a cor corre de uma fotografia para outra, acabando por se transformar ou dissolver. As duas cores talvez mais abundantes lembram a ligação natural à terra: o amarelo-ocre e o vermelho-almagre das argilas. Mas é o diálogo do rio com o sol que banha a cidade com a sua luz única. Luz e sombras, esculpidas pelo relevo das colinas. Ia terminar a série com a penúltima imagem, a do banco com as duas almofadas, mas o vazio lembra demais a quarentena. Assim, resolvi acrescentar uma vista ao longe, onde o mosaico de cores ― simboliza também a mescla cultural que compõe a cidade ― se torna evidente. Em breve, lá estaremos.