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Arca de Darwin

"Look deep into nature, and then you will understand everything better", Albert Einstein

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Arca de Darwin

24
Mai21

Arte Urbana em Arroios

Arca de Darwin

A arte urbana é efémera. As pinturas cedem ao impacto do clima, ou do vandalismo, ou do planeamento que estabelece a sua substituição. Por exemplo, na Rua de São Bento, em Lisboa, este mural foi substituído por este. Já na Rua Nova do Desterro, o mural de Ener Konings foi substituído por aquele que se pode ver nas fotos em baixo, da autoria de Mariana Duarte Santos (2021), que ilustra o comércio na freguesia de Arroios. A pintura baseia-se numa fotografia de Artur Pastor tirada em 1950/60.

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22
Mai21

Os garranos não se medem aos palmos

Arca de Darwin

No final das actividades do Bioblitz aproveitei para fotografar os garranos que vivem na Tapada da Ajuda, em Lisboa. O garrano é uma das quatro raças portuguesas de cavalos (Equus caballus) — as outras são o lusitano, o sorraia e, desde 27 de Janeiro de 2014, o pónei da Terceira, nos Açores.

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«Garrano» significa «cavalo pequeno de trabalho» e esta raça descende de um pónei celta primitivo.

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No passado, o garrano era um animal usado no trabalho agrícola e que transportava pessoas e mercadorias. A sua robustez é evidente: o pescoço é curto e bem musculado, a garupa é forte e larga e os membros são curtos e fortes.

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A raça tem ainda outras características identificativas: estatura pequena (altura no garrote inferior a 1,35 metros), perfil recto ou côncavo, cabeça fina e grande (principalmente nos machos), narinas largas, pelagem castanho-escura, crina e cauda pretas.

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O habitat dos garranos são as serras do Minho e de Trás-os-Montes, onde são criados em semi-liberdade em grupos que em média têm 20 éguas e 1 garanhão. No Parque Nacional da Peneda-Gerês há um grupo de cavalos que vive de facto em total liberdade. Este resulta de uma manada de 21 animais que foram ali libertados em 1943 com o intuito de criar uma população de garranos selvagens.

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Um censo realizado em 1938 contabilizou cerca de 40.000 exemplares em todo o país. Quase 60 anos mais tarde, em 1994, a União Europeia atribuiu à raça o estatuto de ameaçada porque existiam menos de 3.000 fêmeas reprodutores. Segundo a Associação de Criadores de Equinos da Raça Garrana (ACERG), actualmente existem «1563 fêmeas, 208 machos e 617». (Dados de 2020 da Sociedade de Recursos Genéticos Animais revelam valores mais baixos: «1474 fêmeas de linha pura, 162 machos, 435 criadores).

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A maioria destas explorações situam-se no Norte, mas é possível encontrar garranos um pouco por todo o país — por exemplo, a sul de Lisboa há 31 criadores.

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Há duas décadas, o efectivo populacional da espécie era semelhante ao actual. Na altura, a ACERG informava de que apenas 15% dos poldros por eles identificados «sobrevivem à venda para consumo de carne e à predação pelo lobo». De facto, uma vez por ano, os criadores reúnem as manadas selvagens e recolhem os poldros, cuja carne é muito apreciada. Por outro lado, em 2008, um representante da ACERG referiu que mais de 50% dos poldros são predados por lobos, apesar da bravura com que as manadas defendem as suas crias — quando os lobos atacam os adultos formam um circo com os mais jovens no interior e tentam afastar com os lobos com coices.

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Nestas circunstâncias, qual será o futuro do garrano? Para a ACERG, o futuro passa por adaptar as aptidões dos garranos enquanto cavalos de sela e de tiro ligeiro aos tempos modernos, nomeadamente em actividades como hipismo, turismo, educação ambiental e terapia assistida por cavalos.

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20
Mai21

Dia Mundial das Abelhas — sugestão de leitura

Arca de Darwin

Neste Dia Mundial das Abelhas sugiro a leitura de A Abelha Boa, de Alison Benjamin e Brian McCallum, ela jornalista do The Guardian e ele apicultor, ambos fundadores da Urban Bees, empresa que fomenta a apicultura em zonas urbanas. O livro foi editado em Portugal no ano passado pela Vogais, uma chancela da 2020 Editora.

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Como se lê na introdução: «As abelhas forneceram alimento, doçura, luz de velas e medicamentos desde que a humanidade começou a recolher mel há 20 mil anos. Agora estão a dar-nos um sinal, como o canário na mina de carvão, de que o futuro delas está ameaçado e com ele a vida na Terra tal como a conhecemos. (...) Mas não podemos salvar o que não amamos, e não podemos amar o que não conhecemos. Assim, esperamos que acima de tudo este livro ajude a que as pessoas se apaixonem pelas abelhas à volta delas».

O livro está dividido em quatro capítulos: Abelhas e Natureza; Abelhas e Nós; Ameaças Que as Abelhas Enfrentam; e Abelhas e como Podemos Ajudá-las.

Boa leitura!

20
Mai21

A cobra que não o é

Arca de Darwin

O Bioblitz da Tapada, em Lisboa, teve mais de uma dezena de actividades. Além da actividade dedicada aos micromamíferos, abordados nos dois posts anteriores, também participei na dos Répteis e Anfíbios. Anfíbios, nem vê-los. Mas os répteis foram uma óptima oportunidade para observar (e fotografar) a cobra-cega (Blanus cinereus), que é um endemismo ibérico — só existe em Portugal e Espanha.

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O aspecto da cobra-cega é duplamente enganador. Primeiro, não se trata de uma cobra. As cobras e a cobra-cega pertencem à mesma ordem, a Squamata, mas a famílias diferentes: Colubridae e Amphisbaenidae, respectivamente.

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Segundo, a cobra-cega poderá parecer uma minhoca porque as suas escamas, ao estarem dispostas regularmente em filas longitudinais, lembram os anéis dos anelídeos.

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Os olhos são vestigiais e estão cobertos por escamas. O corpo é cor-de-rosa ou cor de salmão, mas também pode ser acinzentado ou arroxeado. O comprimento pode chegar aos 28 centímetros. A cabeça é triangular e está delimitada por um sulco transversal.

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A cobra-cega tem hábitos subterrâneos, pelo que vive em solos pouco compactados e fáceis de escavar. Alimenta-se de formigas e larvas de insectos e de outros artrópodes que captura no subsolo.

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Durante a actividade dos répteis e Anfíbios foram capturados mais dois répteis já nossos conhecidos:

— a osga-comum (Tarentola mauritanica), de quem já falámos aqui, aqui e aqui.

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— e a lagartixa-do-mato (Psammodromus algirus), de quem já falámos, por exemplo, aqui.

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Os monitores da actividade trouxeram ainda uma muda de pele de cobra-de-ferradura (que entretanto mudou o nome de Coluber hippocrepis para Hemorrhois hippocrepis — o gaiteiro-negro já não está sozinho no seu azar) que tinham encontrado na Tapada no dia anterior.

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19
Mai21

Ratinho-das-hortas ("Mus spretus") — o amigo dos sobreiros

Arca de Darwin

O outro micromamífero capturado durante a sessão em que participei no Bioblitz da Tapada, em Lisboa, foi o ratinho-das-hortas (Mus spretus), que também é conhecido por rato-das-hortas ou ratinho-ruivo.

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O ratinho-das-hortas tem o dorso acastanhado e o ventre cinzento-esbranquiçado. Os olhos e as orelhas são relativamente grandes. Mede entre 7 e 8,5 centímetros, pesa cerca de 14 gramas e vive até aos 15 meses.

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Este ser minúsculo e o majestoso sobreiro (Quercus suber) têm uma relação inesperadamente simbiótica. Os sobreiros não têm vida fácil na região mediterrânica. Em certas zonas, 100% das suas bolotas são predadas, inviabilizando a regeneração natural. Em Doñana, Espanha, estes frutos têm tantos clientes que quando caem no solo, cerca de 40% são levados nas primeiras 5 horas e 90% ao fim de uma semana, desaparecendo todos ao fim de 3 meses.

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Na Península Ibérica, o ratinho-das-hortas, o rato-do-campo, o javali, o veado, o gaio e o esquilo-vermelho são os principais consumidores de bolotas de sobreiro na Península Ibérica. No entanto, só os roedores e a ave é que contribuem para a dispersão das sementes, dado que as armazenam para se poderem alimentar no Inverno. Algumas destas originam novos sobreiros.

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Outra curiosidade deste Mus spretus é a sua higiene esmerada: é a única espécie de ratos que remove os dejectos da toca e de locais de passagem.

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18
Mai21

Bioblitz da Tapada: musaranho-de-dentes-brancos

Arca de Darwin

O animal na foto em baixo é um musaranho-de-dentes-brancos (Crocidura russula). Ele foi parar dentro do frasco no último domingo, durante o Bioblitz da Tapada da Ajuda, no Instituto Superior de Agronomia.

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Os bioblitz estão na moda e acontecem de norte a sul do país. (Por exemplo, há o Bioblitz em Serralves em parceria com o CIBIO – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos; o Bioblitz Parque da Paz organizado pela Câmara de Almada em parceria com a Associação Biodiversidade para Todos; e o BioBlitz da Ria Formosa organizado pela SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves.)

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Um bioblitz é um evento «relâmpago» onde se inventaria a «biodiversidade» (espécies de animais, plantas, fungos ou liquens) de um dado local. É também um evento de ciência-cidadã, ou seja, é uma oportunidade para, de uma maneira alegre e descontraída, a população contactar com os cientistas, aprender com eles e contribuir para o conhecimento científico.

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Para os investigadores é uma oportunidade para divulgarem o seu trabalho, sensibilizarem a população para temas científicos e obterem dados que possam usar posteriormente. Isto porque todas as observações são inseridas numa plataforma online e ficam acessíveis para quem as queira consultar. No caso Bioblitz da Tapada da Ajuda as observações são inseridas na plataforma Biodiversity4All através aplicação iNaturalist.

 

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Para mim, este evento também foi uma oportunidade para aprender algumas coisas novas, relembrar outras, e reencontrar colegas de curso, como o Pedro Vaz, investigador do CEABN – Centro de Ecologia Aplicada Prof. Baeta Neves do Instituto Superior de Agronomia, que foi um dos monitores das actividades com micromamíferos.

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Pedro Vaz, biólogo, investigador do CEABN

«Micromamíferos» é um termo enganador: uma criança de 10 anos que participou no bioblitz julgou que seriam mamíferos observáveis ao microscópio, o que, convenhamos, seria extraordinário! Na verdade, o termo não tem valor taxonómico, e refere-se a mamíferos roedores (rato-do-campo, esquilo...) e aos insectívoros (ouriço-cacheiro, musaranho-de-dentes-brancos...) de pequeno porte.

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Para os observarmos na Tapada, os investigadores do CEABN colocaram previamente 80 armadilhas (modelo Sherman) com um espaçamento de 10 metros. Cada armadilha continha um pedaço de algodão para os bichos se abrigarem e algum alimento para os atrair — uma tosta com manteiga de amendoim, um pedaço de maçã (para o rato-cego Microtus duodecimcostatus) e comida para gato (para o musaranho, que tem um metabolismo muito acelerado, consumindo diariamente uma quantidade de alimentos — insectos, aracnídeos e minhocas — equivalente a cerca de metade do seu peso).

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O musaranho-de-dentes-brancos mede entre 5,1 e 8,6 centímetros e pesa entre 4,7 e 14 gramas. O dorso é acinzentado ou avermelhado e o ventre é esbranquiçado. O focinho é comprido e os olhos são pequenitos.

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Atinge a maturidade sexual aos 3 meses, tem 4 a 5 ninhadas de 2 e 10 crias, e vive até 18 meses. Existe de norte a sul do país, bem como em vários países europeus e no Norte de África.

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09
Mai21

Arte urbana na Associação para o Desenvolvimento das Artes e Ofícios

Arca de Darwin

Uma explosão de cor e criatividade é o que encontramos nas paredes exteriores da ADAO — Associação para o Desenvolvimento das Artes e Ofícios, no Barreiro. Situada na Rua Recosta, junto à via-férrea, a sede da ADAO está decorada com obras de Odeith, Gonçalo MAR e Ursa (Teresa Robalo), entre outros. Há mil detalhes que captam a nossa atenção.

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08
Mai21

"Epipactis tremolsii" — a orquídea alcoólica

Arca de Darwin

A orquídea heleborinha-comum (Epipactis tremolsii) mede entre 30 e 60 centímetros de altura e tem uma inflorescência que comporta 15 a 40 flores.

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As flores têm o labelo em forma de taça, na qual servem um néctar alcoólico às abelhas e aos outros polinizadores. Os bicharocos, naturalmente, ficam um pouco "tocados".

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O género Epipactis, a par dos géneros Cephalanthera e Limodorum, possui rizomas em vez de tubérculos, o que é uma vantagem para as plantas se poderem multiplicar na ausência de polinizadores.

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A espécie existe em clareiras e orlas de matos e gosta de solos pedregosos.

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A época de floração estende-se de Abril a Junho.

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A heleborinha-comum existe em Portugal, Espanha, França, Sardenha e Norte de África.

Em Portugal, já foram registadas cinco espécies de orquídeas do género Epipactis. Nem sempre é fácil distingui-las. No entanto, uma das espécies está extinta no nosso país (E. palustris) e outra tem flores verdes (E. fageticola). A E. helleborine tem as folhas na parte média do caule, enquanto as da E. tremolsii localizam-se sobretudo na base. Já a E. lusitanica tem as brácteas inferiores 1,5 vezes mais compridas do que as flores, enquanto as da E. tremolsii têm sensivelmente o mesmo comprimento.

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