Os élitros castanhos-acobreados do Carabus rugosos parecem ter sido minuciosamente martelados por um caldeireiro, e provavelmente é daí que vem o nome comum: cárabo-picotado.

O comprimento deste coleóptero varia entre uns impressionantes 27 e 31 milímetros.

A espécie está ativa durante todo o ano, mas é mais abundante na Primavera e no Inverno. Este exemplar foi fotografado há uns dias atrás enquanto chovia. A chuva parece ter despertado também muitos caracóis que, curiosamente, são uma das presas preferidas deste escaravelho. O processo de predação não é lá muito simpático. “(...) Fazem uma digestão externa pré-oral, colocando enzimas na presa e depois com o auxílio das sedas das suas mandibulas, ingerem os fluidos daí resultantes”, lê-se aqui.

No sopé do Miradouro de Cabeço de Montachique, em Loures, encontram-se umas ruínas que a natureza aos poucos vai reclamando.

Trata-se do esqueleto do Sanatório Albergaria, que começou a ser construído em 1919 por iniciativa de Francisco Grandella, famoso pelos seus armazéns no Chiado (1891) — portanto, o pai dos centros comerciais.

O sanatório destinava-se a pacientes com tuberculose. Por falta de financiamento, a obra nunca foi concluída. O projecto incluía, por exemplo, quartos para 36 doentes, jardins, uma farmácia e um forno crematório.

A perspectiva aérea destas ruínas revela a inspiração maçónica, com os seus pilares e a sua estrela de sete pontas.

É possível estar em Loures e, sem sair do mesmo sítio, avistar o Tejo, Alcochete, Almada, as pontes Vasco da Gama e 25 de Abril, o Cristo Rei, o Palácio da Pena; Sintra, Mafra e, quem sabe, o mar da Ericeira. É uma vista panorâmica de 360 graus que vale bem a pena, a 409 metros de altitude.

E tem também um baloiço que, pela placa comemorativa junto às escadas, terá sido inaugurado em janeiro deste ano. Suponho que fique bem no Instagram, mas o que me fez falta foi uma fotografia ou um mapa que mostrasse os pontos de interesse na paisagem, ou os locais distinguíveis no horizonte.

Não é má ideia levar uns binóculos, tanto para ver a paisagem, como para observar as aves e os insectos que por ali andam.

Milhafre-real (Milvus milvus)

Borboleta cauda-de-andorinha (Papilio machaon)

Ali ao lado veem-se os campos de ténis do Parque do Cabeço de Montachique.

A vista deve ser ainda melhor no posto de vigia.

A vista, a 360 graus:

Caparica, Outono de 2021