Espreite a nova galeria - "Cape Naturaliste", em Lugares.

Já aqui falei do Cape Naturaliste e, se tudo correr bem, falarei outra vez entre Setembro e Novembro, altura em que as baleias cruzam as águas que banham o cabo em direcção à Antárctida, para aí se alimentarem durante o Verão. A vista a partir do topo do cabo é deslumbrante. O olhar descansa sobre o mar, embalado pelas longas linhas das ondas que deslizam à superfície. No céu o espectáculo é tão ou mais surpreendente...

Por aqui, Austrália, chamam a este colorido pato Australian Shelduck (Tadorna tadornoides). Não é dos mais abundantes, mas não está ameaçado e é certamente dos mais bonitos.

Há uma característica evidente que distingue as fêmeas dos machos: elas têm um círculo branco em volta do olho, enquanto que a cabeça deles é completamente preta.

Outra diferença é o tamanho: eles são maiores.

A espécie pesa, em média, 1.5 kg e mede entre 56 e 72 cm de comprimento. Ou seja, é maior do que o pato-com-orelha-cor-de-rosa e mais pequena do que o íbis-branco.

A envergadura varia entre 94 e 130 centímetros.

Tal como as vaquinhas, gosta de pastar na erva que cresce em torno dos lagos onde habita. Mas a dieta não fica por aí: também consome algas, insectos e moluscos.

Monógama, os casais mantêm-se juntos ao longo da vida.

Cerca / Fence

 

É uma das cacatuas mais abundantes na Austrália e é inconfundível. Chama-se Galah (Eolophus roseicapillus), mas também é conhecida por cacatua-de-peito-rosa ("rose-breasted cockatoo"), cacatua-galah ("galah cockatoo") e rosa-e-cinzento ("pink and grey").

Mede 35 centímetros e pesa entre 270 e 350 gramas.

Os sexos são semelhantes, mas nos adultos observa-se que as fêmeas têm a íris castanha-clara ou vermelha, enquanto que a dos machos é castanha-escura.

A espécie nidifica em cavidades nos troncos das árvores. Os casais, como acontece com outras cacatuas, ficam juntos durante toda a vida.

Os barulhentos bandos de galahs chegam a ter 200 indivíduos.

Este bichinho alimenta-se tanto nas árvores como no solo e tem uma dieta bastante variada: frutos, bagas, ervas, raízes, insectos...

"Galah" é calão para "fool" (idiota ou tontinho). Tal deve-se ao comportamento brincalhão destes animais. Além dos divertidos sons, envolvem-se em autênticas acrobacias lúdicas que muitas vezes, depois de voltas e mais voltas, terminam com as aves perdidas e desamparadas, de olhos esbugalhados e pernas para o ar.

Ontem também foi feriado aqui na Austrália. O Anzac Day (Dia do Anzac) celebra-se a 25 de Abril e evoca a memória de todos os militares australianos e neozelandeses que morreram ao serviço dos dois países desde a batalha de Gallipoli, na Turquia, em 1915.

Perdi as duas primeiras partes das comemorações - a cerimónia ao nascer do Sol e o desfile das forças armadas -, mas ainda assisti ao serviço memorial, nos Supreme Court Gardens, centro de Perth.

O momento mais comovente foi, sem dúvida, o minuto de silêncio. No rosto de todos os participantes, desde as crianças até aos veteranos, lia-se a mesma expressão solene de respeito, orgulho, e saudade dos que partiram.

"For the Fallen", poema escrito por Laurence Binyon em 1914, é o hino do Anzac Day. A frase "Lest we forget" (não o esqueçamos) acompanha o final de cada estrofe. Eis um excerto:

"They shall grow not old, as we that are left grow old: Age shall not weary them, nor the years condemn. At the going down of the sun and in the morning, We will remember them."

Durante várias semanas via, quase diariamente, uns passarinhos acinzentados mergulharem na copa das árvores. Minúsculos, irrequietos e fugidios, demorou até que conseguisse fotografar um exemplar.

 

A foto não estava nítida, mas permitiu ver o curioso e característico olho - ou melhor, penas brancas à volta do olho - que identifica a espécie Zosterops lateralis, conhecida por silvereye (olho-de-prata).

Nos dias seguintes lá andei à procura dos bichinhos, até que num final de tarde no Glendalough Open Space consegui aproximar-me o suficiente para captar a maioria destas fotos (as restantes são dos lagos Monger e Herdsman, e de Busselton).

O bico fino revela que os insectos fazem parte da dieta do silvereye, mas a espécie é omnívora e também come frutos e néctar.

Natural da Austrália, por esta altura (final do Verão início do Outono) ruma para o Norte do país em busca de climas mais quentes.

Mede entre 11 e 13 centímetros e pesa 10 gramas.

O nome completo deste insecto da espécie Spilosoma glatignyi é traça-tigre-preta-e-branca (black and white tiger moth), mas, como as fotos ilustram, as manchas também podem ser castanhas.

Um olhar mais atento revela mais uma cor: pintas vermelhas que servem para alertar potenciais predadores para o sabor amargo e dissuadi-los de a comer.

A espécie tem hábitos nocturnos, mas pelos vistos aproveita o dia para encontros amorosos.

Mede cerca de 3 centímetros e vive na Austrália.

Hoje visitei um lugar com paisagens monumentais. Dá pelo nome de Cape Naturaliste, fica em Busselton, e voltarei a falar dele assim que escolher as fotos que melhor ilustram a beleza deste cabo. Para já fica o registo do pôr-do-sol que, durante breves minutos, incendiou o céu.

O Gallirallus philippensis (Buff-banded Rail ou, em português do Brasil, Sanã-de-listras-pardas) mede cerca de 32 centímetros de comprimento e parece um frango-de-água, mas distingue-se pela sobrancelha branca e manchas castanhas na cabeça e na nuca.Para encontrá-lo em Perth convém visitar zonas húmidas protegidas ou ir até às ilhas ao longo da costa, como as ilhas Houtman Abrolhos.Nesses habitats encontra os crustáceos, insectos, pequenos répteis e anfíbios de que se alimenta. Assim, foi com grande surpresa que avistei um G. philippensis mesmo no centro de Perth, num pequeno jardim com um diminuto lago, bem junto à Galeria de Arte da Austrália Ocidental.