A ameaçada garça-vermelha (“Ardea purpurea”)
A garça-vermelha (Ardea purpurea), também conhecida por garça-imperial e garça-galega, passa os meses quentes no nosso país, vinda de África: chega em Março/Abril e parte em finais de Julho (os adultos) ou Setembro (os juvenis).
É uma ave imponente, apenas um pouco mais pequena que as duas maiores garças da nossa fauna: mede 85 centímetros de comprimento e 135 centímetros de envergadura, enquanto a garça-real (Ardea cinerea) mede 95 centímetros de comprimento e 185 centímetros de envergadura, e a garça-branca-grande (Egretta alba) mede 90 centímetros de comprimento e 150 centímetros de envergadura.
Embora também tenha plumagem cinzenta, distingue-se facilmente da garça-real pelos tons vermelho-púrpura tanto na parte superior como numa mancha na parte inferior da asa, e pelo pescoço avermelhado e listado.
É uma ave típica de zonas húmidas costeiras: estuários, lagoas, açudes, barragens, arrozais, canais, canaviais, etc. Em Portugal a sua população — estimada entre 270 e 600 casais — está em declínio. É uma espécie ameaçada e classificada como Em Perigo. O ICNF elenca como ameaças «a drenagem e destruição de caniçais (…); a má gestão dos recursos hídricos (…); o desenvolvimento de infra-estruturas lineares como linhas de alta tensão, gasodutos, rodovias e ferrovias; as alterações do uso do solo nas áreas circundantes às colónias que são utilizadas como locais de alimentação (…); o corte e queima dos caniçais (…); a perturbação nas áreas de nidificação; a poluição da água»; a perturbação associada «ao turismo à caça e à pesca», a colisão com linhas aéreas de transporte de energia (…); a instalação de parques eólicos em corredores importantes para a migração e dispersão de aves (…)».
Alimenta-se de peixes, insectos, anfíbios, répteis e pequenos mamíferos.