As focas-cinzentas do porto de Howth
Quem se aproximar da água junto à zona dos restaurantes no porto de Howth, em Dublin, na Irlanda, provavelmente será saudado por algumas focas-cinzentas (duas no dia em que lá estive, mas já vi fotografias com muitas mais neste mesmo local). Conscientes do seu papel de comissão de boas-vindas, elas ali ficam, imperturbáveis, satisfazendo os caprichos fotográficos dos turistas.
As focas encontram-se ali em busca de uma refeição fácil — além dos restaurantes e dos barcos de pesca que ali atracam, também há uma ou outra loja de venda de peixe. Numa aldeia mais para sul, Wicklow, a foca conhecida por Sammy era há muito alimentada por humanos, e chegou até a sair da água para tentar entrar na peixaria. Outra foca, Cheery Charlie, aprendeu a acenar depois de receber um peixe.
As focas-cinzentas (Halichoerus grypus) de Howth provavelmente vêm das colónias que existem nas ilhas que ficam em frente do porto: Ireland’s Eye e Lambey.
Uma curiosidade desta espécie é a considerável diferença de tamanho entre os animais da costa oeste do Atlântico e os da costa leste. Deste lado, os machos medem entre 1,95 e 2,3 metros e pesam entre 170 e 310 quilos. As fêmeas são mais pequenas: medem entre 1,6 e 1,95 metros e pesam entre 100 e 195 quilos. Os tamanhos são muito maiores na costa oeste: os machos chegam a medir 2,7 metros e a pesar 400 quilos, e as fêmeas atingem os 2,5 metros de comprimento e os 250 quilos de peso.
As crias têm um peso respeitável: nascem com cerca de 14 quilos.
Nas ilhas em frente a Howth também vivem focas-comuns (Phoca vitulina), que são mais pequenas do que as focas-cinzentas e distinguem-se destas, por exemplo, por terem as narinas em forma de V, enquanto as das focas-cinzentas são mais ou menos paralelas, sem se tocarem na parte inferior.
Como se vê nas fotos, as focas não têm orelhas, e essa é uma característica que as distingue dos leões-marinhos.
As focas-cinzentas não fazem parte da nossa fauna. No entanto, todos os anos há alguns juvenis provenientes das Ilhas Britânicas e da Bretanha Francesa que se perdem e são resgatados ao largo da Península Ibérica, sobretudo em águas espanholas, mas também nas portuguesas.