As mutações dos gamos do Phoenix Park
O Phoenix Park é um parque murado a oeste do centro de Dublin. O parque é enorme: cobre uma área de cerca de 700 hectares — é, ainda assim, mais pequeno do que, por exemplo, o Parque Florestal de Monsanto, que tem 1000 hectares —, e não será má ideia alugar uma bicicleta à entrada para o percorrer mais facilmente.
O parque foi criado em 1662 para ser uma reserva de caça e só foi aberto ao público em geral em 1745. Tem muitos motivos de interesse, como um forte, o Monumento Wellington — que é o maior obelisco da Europa — o Zoo de Dublin, a casa do presidente da República ou a residência do embaixador dos Estados Unidos.
E tem também uma população de 600 gamos (Dama dama).
O gamo não é natural da Irlanda: foi introduzido em 1244 para povoar a Floresta Real de Veados em Wicklow. O efetivo populacional chegou a um máximo 1300 indivíduos em 1850, e a um mínimo de 40, a seguir à Segunda Guerra Mundial. A população atual é mantida nos 600 indivíduos, e estes são descendentes dos animais que foram introduzidos no país em 1244.
Os gamos, em geral, têm pelagem castanho-avermelhada com pintas brancas (no Inverno é mais pardacenta), mas mutações que influenciam a cor dos pelos podem produzir gamos brancos, gamos com pelagem pálida e com pintas ainda visíveis, gamos castanhos e gamos negros. Todas estas variedades existem no Phoenix Park, exceto os gamos brancos (não vi a versão mais pálida).
Alguns gamos apresentavam as hastes cobertas de sangue e com “coisas” penduradas. Tal é perfeitamente natural. O que se passa é que visitei o parque em agosto, e, à medida que o outono se aproxima, o veludo que cobre as hastes começa a cair para revelar as armações ósseas (que cairão entre abril e maio). Como o veludo contém muitos vasos sanguíneos, quando os gamos esfregam as hastes nas árvores para se livrarem dele, o resultado pode ser uma imagem algo chocante, mas que faz apenas parte de um processo natural e benigno (alguns animais comem até os nutritivos restos de veludo).