Caminhada nas falésias de Howth (Dublin, Irlanda)
Estive de férias em Dublin, na Irlanda, e aproveitei para visitar Howth, uma aldeia que fica a cerca de 18 quilómetros a nordeste do centro da cidade (50 minutos de autocarro). Há muito para ver no porto de Howth, mas este post é só sobre o trilho nas falésias, que vai da aldeia até ao farol de Baily (cujo acesso está vedado). Conhecido como Howth Cliff Walk, é possível optar por quatro ou cinco percursos diferentes em termos de duração e dificuldade. Eu segui calmamente pela falésia — parando para fotografar, apreciar a vista e comer a sandes que comprei no mercado da aldeia — e regressei pela estrada. Ao todo, demorei cerca de três horas e meia.
A caminhada começa ainda junto ao mar, junto à praia de Balscadden Bay, muito frequentada pelos locais.
Começa-se, então, a subir em direção às falésias, as quais chegam a atingir os 171 metros de altura.
Uma das surpresas do trajeto foi encontrar a casa onde o poeta W. B. Yeats viveu dos 15 aos 18 anos, ou seja, de 1880 a 1883. Os seus primeiros poemas seriam publicados dois anos mais tarde, em 1885. A inscrição na casa serve de inspiração para a caminhada que se avizinha:
«I have spread my dreams under your feet,
Tread softly because you tread on my dreams.»
(«Eu estendi meus sonhos sob os teus pés,
Caminha suavemente, pois caminhas sobre meus sonhos.»)
Mas o grande atrativo da caminhada são as fantásticas paisagens. Ao longe avistam-se a ilha Ireland’s Eye em primeiro plano e a ilha Lambey em pano de fundo.
Uma das escarpas faz lembrar o perfil de um homem.
De ambos os lados do caminho o roxo da urze (Calluna vulgaris) contrasta com o amarelo do tojo (Ulex europaeus).
O trilho é muito concorrido. Há alguns caminhantes locais, mas a maioria são turistas das mais variadas partes do mundo, incluindo dos outros países das Ilhas Britânicas.
Há quem caminhe depressa, há quem ande devagar, há quem namore, quem escreva, quem medite, quem pesque, quem observe aves, quem mergulhe numa pequena enseda onde chegou sabe-se lá como…
A certa altura, bem ao longe e já com Dublin ao fundo, o farol de Baily indica o fim da caminhada junto ao mar.
Aqui, é fácil perdermo-nos na grandiosidade da paisagem.
Mas também vale a pena estar atento aos muitos pequenos seres que vão surgindo mesmo ao nosso lado.