Coprino-barbudo ("Coprinus comatus"): o cogumelo que se liquidifica
O coprino-barbudo (Coprinus comatus), também conhecido por fradinho, gota-de-tinta e coprino-cabeludo, tem a particularidade de o seu chapéu se liquefazer numa espécie de tinta preta.
O chapéu começa por ser branco e ovoide (é nesta altura que é colhido para ser comido, mas a sua utilização na alimentação requererá alguns cuidados por ser uma espécie que acumula toxinas), coberto com escamas também brancas. Depois passa a ter uma cor rosada e, por fim, preta, altura em que se liquefaz, parecendo que uma tinta preta pinga das suas margens.
Há uns anos contaram-me que o coprino-barbudo terá sido usado pelos alemães na Segunda Guerra Mundial para garantir que determinados documentos, como passaportes e certidões de casamento, eram verdadeiros. Como? A “tinta” preta do coprino-barbudo, similar à tinta da China, passou a ser usada neste tipo de documentos. A partir daí, face a um documento suspeito, bastava aos nazis procurarem os esporos do coprino-barbudo no documento para confirmarem a autenticidade. A sua ausência denotava uma falsificação. E havia muitas. Por exemplo, os documentos criados pelo falsificador Adolfo Kaminsky (1925–2023) nascido na Argentina salvaram milhares de judeus (as estimativas que encontro variam entre 3 mil e mais de 14 mil) de serem enviados para campos de concentração.
Voltando ao cogumelo, o chapéu mede 3 a 6 centímetros de diâmetro e 5 a 20 centímetros de altura.
É comum e pode ser encontrado no outono e na primavera em prados, clareiras de matos, beiras de estradas, parques e jardins.