Íbis-preta (“Plegadis falcinellus”) — uma ave recente em Portugal
No guia de aves da FAPAS de 1993, a íbis-preta (Plegadis falcinellus) chama-se maçarico-preto e o seu mapa de distribuição não inclui Portugal, sendo o sul de Espanha a área mais próxima de presença da espécie (assinalada por uma pequena mancha amarela que indica “zona de migração”). De então para cá, e particularmente neste século, o panorama da espécie no nosso país alterou-se substancialmente: há locais onde a íbis-preta está presente todo o ano, outros onde passa o Inverno em bandos com dezenas, centenas ou até milhares de aves, e outros ainda onde se reproduz.
Esta expansão natural da área de distribuição estará relacionada com o crescimento da população em Doñana, na Andaluzia.
Em Doñana, os registos da espécie remontam a 1774. No entanto, no início do século xx a espécie extinguiu-se enquanto reprodutora. Foi preciso esperar até 1996 para voltar a haver reprodução neste local. Contaram-se então 7 casais reprodutores. Em 2004 este número subiu para mais de 1000 casais. Em 2011 eram mais de 7000 e, em 2017, mais de 10 000 — um crescimento impressionante.
A íbis-preta é uma espécie associada a zonas húmidas: sapais, estuários, arrozais, ribeiras, lagoas, pauis…
O nome comum é algo enganador. Esta ave é preta… ao longe. Ao perto, são bem visíveis os tons verdes, azuis, vermelhos e acastanhados. Estes dois últimos tornam-se ainda mais evidentes na plumagem de Verão. Além da plumagem, o bico comprido e curvo é também característico da espécie.
A íbis-preta é uma ave de médio-grande porte: mede 55 a 65 centímetros de comprimento e 90 a 105 centímetros de envergadura.
A alimentação é muito variada: insectos, anelídeos, moluscos, crustáceos, peixes, anfíbios e répteis.