Linho-bravo (“Linum bienne”)
As flores do linho-bravo (Linum bienne) têm uma beleza discreta, onde o azul vibrante dos estigmas é emoldurado pelo azul muito ténue das pétalas e pelo azul (por vezes violeta) mais intenso das finas nervuras.
Esta espécie — também conhecida por linho-de-inverno, linho-galego, linho-mourisco e linho-da-terra — tem uma grande importância na nossa história dado que é o antepassado do linho cultivado(L. usitatissimum), que foi fundamental para fabricar tecidos durante milhares de anos.
No entanto, nos primórdios da Revolução Neolítica (há cerca 12 500 anos), a espécie utilizada era o L. bienne, ainda que para outros fins. «Originalmente», como se lê em A História do Trabalho, de Jan Lucassen (Temas e Debates, 2023), «o vestuário teria consistido de peles animais processadas, tal como representadas nas pinturas rupestres paleolíticas. Além disso desenvolveu-se a técnica do entrelaçamento do linho e do cânhamo (na altura ainda plantas silvestres), bem como a do fabrico de corda, usada, entre outras coisas, para as redes de pesca. Nenhuma destas técnicas daria origem a tecidos, mas eram passos na direção certa, com a fiação e a tecelagem a desenvolverem-se separadamente e a par uma da outra».
Os primeiros indícios da utilização de L. bienne remontam a 11 200 – 10 500 anos atrás, ao norte da Síria. Já os da utilização de uma forma domesticada de linho remontam a 9000 atrás, também na Síria. Ao longo da história, os usos dos tecidos de linho foram variando. Por exemplo, no antigo Egito, o linho era usado para envolver as múmias. Já os romanos usavam-no para fabricar velas para as suas embarcações.
O linho só perderia a sua importância no início do século XX, quando começaram a surgir fibras mais baratas e mais duráveis.