O salgueiro e as borboletas
Na berma de um caminho na lezíria do Tejo, um salgueiro florido serve um banquete à maior concentração de almirantes-vermelhos (Vanessa atalanta) que alguma vez vi.
Esta borboleta já foi tema de um post aqui na Arca em 2012 onde se alude à paixão que o escritor Vladimir Nabokov — que foi entomólogo no Museu Americano de História Natural e curador da secção de lepidópteros do Museu de Zoologia Comparada da Universidade de Harvard, EUA —, autor do famoso Lolita, por ela tinha. No post é citada uma conversa de Nabokov com Alfred Appel Jr., investigador que se dedicou a estudar a obra do escritor russo: «As cores do almirante-vermelho são esplêndidas e gostava bastante deles na minha juventude. Migram em grandes quantidades de África para o norte da Rússia, onde são chamados de “Borboleta da Tragédia”, por terem surgido pela primeira vez em 1881, ano em que o Czar Alexandre II foi assassinado, e por as marcas da parte inferior das asas assemelharam-se ao número 1881 (…). Há algo interessante na capacidade do almirante-vermelho de percorrer longas distâncias.» De facto, a Vanessa atalanta pode percorrer distâncias de até 3000 quilómetros. O nome comum, almirante-vermelho, tem que ver com o facto de o padrão das asas se assemelhar às divisas dos almirantes nos EUA.