Cabo Verde. Purgueira (Jatropha curcas). 1968.Há muito para dizer sobre esta planta, também conhecida por pinhão-manso e pinhão-de-purga. Numa reportagem publicada este ano a Agência Lusa chama-lhe a “planta do futuro”, mas já nos anos 30 e 40 do século XIX, quando o seu óleo iluminava as ruas de Lisboa (mais de 2.000 candeeiros), a purgueira era conhecida por “ouro verde”. Na altura vinha de Cabo Verde, onde chegara proveniente do México, pelas mãos dos marinheiros portugueses, no século XVI. O óleo também servia para fazer sabão, produzido em fábricas na margem Norte do Tejo, recorda a Lusa. Como o nome indica – purgueira – também é eficaz em “aliviar” a prisão de ventre.
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Esta espécie venenosa que atinge 5 metros de altura tem muitos outros predicados, como a produção de látex. Actualmente é vista como aposta segura para a produção de biocombustível. Para isso conta com algumas características que a favorecem face a outras espécies: tem crescimento rápido e chega a produzir 2,5 toneladas de sementes por hectare; não é usada na alimentação humana; o óleo, depois de filtrado, está pronto a usar em motores a gasóleo, o que não acontece com outros biocombustíveis, que carecem de mais tratamentos químicos; como também cresce em solos áridos, não compete com outras culturas e combate a desertificação. “Já foram realizados voos de aviões comerciais exclusivamente com óleo de purgueira e há companhias que voam com 50% daquele combustível”, informa a Lusa. O combustível usado nos comboios que ligam Bombaim e Deli, na Índia, incorpora 15% a 20% de biocombustível proveniente da purgueira.
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Foto: Ton Rulkens (Fonte: Wikipedia)
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As plantações da espécie crescem em países da Ásia, da África e da América. Por cá a espécie não se dá. Mas no Jardim Botânico Tropical, em Lisboa, uma equipa de cientistas do Instituto de Investigação Científica e Tropical estuda há 3 anos exemplares provenientes de mais de 80 regiões de todo o mundo. Objectivo? Estudar as doenças e pragas que atingem a espécie e caracterizá-la geneticamente, explicou a investigadora Maria José Silva à Lusa, referindo que o projecto partiu de uma empresa que admite desenvolver aplicações da planta em África.
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Foto: Noblevmy (Fonte: Wikipedia)
Uma última curiosidade: o epíteto específico
curcas foi usado pela primeira vez pelo médico português Garcia de Orta (1501 – 1568).