Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Arca de Darwin

"Look deep into nature, and then you will understand everything better", Albert Einstein

"Look deep into nature, and then you will understand everything better", Albert Einstein

Arca de Darwin

20
Set14

Cromos repetidos (#4): GALEIRÃO - cidadão do mundo

Arca de Darwin

O galeirão (Fulica atra) já apareceu em alguns posts da Arca, mas nunca foi formalmente apresentado. Se já o viu - o que não é difícil, pois é uma ave bastante comum - por certo lembra-se das duas características que o tornam inconfundível: plumagem preta e bico e escudo frontal brancos.

galeirao 1

No Inverno juntam-se em bandos numerosos, num qualquer lago, estuário ou albufeira. As três imagens seguintes são do estuário do Tejo, em Alcochete, local onde vi a maior aglomeração de galeirões.

galeirao 2 galeirao 3 galeirao 4

Durante a época de reprodução tornam-se bastante agressivos e tanto o macho como a fêmea defendem o seu território.

galeirao 5

Na Austrália chamam-lhe Eurasian Coot, mas o nome não faz jus à adaptabilidade desta espécie, que existe em grande parte da Europa e também da Ásia, na Austrália e no Norte de África.

galeirao 6

A dieta omnívora explica parte desta plasticidade. De facto, o galeirão alimenta-se tanto em terra como na água (à superfície ou debaixo dela), consumindo algas, ervas, sementes, frutos e até ovos de outras aves.

galeirao 7 galeirao 8 galeirao a 10

galeirao 9

O escudo branco e luzidio originou a expressão "bald as a coot" (careca como um galeirão), usada pelos britânicos pelo menos desde 1430.

galeirao a 11 galeirao a 12

Mede 38 centímetros de comprimento.

galeirao a 13

01
Fev13

Para que serve a anilhagem científica?

Arca de Darwin

Alcochete, segunda-feira, 28 de Janeiro. O termómetro do carro marca 4,5 ºC e ainda falta uma hora para o Sol nascer. Seis anilhadores (5 biólogos e um astrónomo) preparam-se para a segunda sessão de anilhagem de 2013. O objectivo é monitorizar a população de pássaros invernantes, através da colocação de “redes verticais”, cada uma com 18 metros de comprimento, e posterior recolha de informação e anilhagem das aves que nelas caem.

Pisco-de-peito-azul (Luscinia svecica)

Junto à Estação de Anilhagem das Salinas do Samouco (EASS) calçam-se as galochas, testam-se as lanternas e, algumas centenas de metros adiante, monta-se a última rede, que logo é aberta, expondo os cinco bolsos horizontais onde as aves cairão. 

A comparação com o número de aves capturadas em anos anteriores aliada à análise de várias variáveis – como sexo, idade, estado das penas, nível de gordura e de massa muscular – fornece pistas sobre o estado das populações. Todas estas informações são cruciais para definir estratégias

de conservação.

   

Para determinar o nível de gordura das aves sopra-se na barriga de modo a afastar as penas e expôr a região inter-clavicular

Aqui, nos terrenos da Fundação das Salinas do Samouco, decorrem dois projectos internacionais de anilhagem: Monitorização de Aves Invernantes (MAI) e Projecto Estações de Esforço Constante (PEEC). “O MAI permite-nos avaliar se as aves que invernam nesta zona estão, ou não, em declínio. O PEEC, realizado na Primavera, durante a época reprodutora, dá-nos o número de indivíduos reprodutores e uma estimativa da produtividade desse ano, ou seja, do número de crias”, explica o biólogo Afonso Rocha, 31 anos, vice-presidente da Associação Portuguesa de Anilhadores de Aves (APAA), e responsável pela sessão. Afonso acompanha as populações de aves do Samouco desde 2007. “Esta é uma área que, embora tenha pouca vegetação, possui grande diversidade e abundância de passeriformes. Isto é notório se compararmos com áreas com mais vegetação, por exemplo, a Lagoa da Albufeira, onde é difícil capturar mais de 40 aves numa manhã”, assegura o biólogo. De facto, na sessão anterior capturaram-se 84 aves.

A equipa de anilhadores (da esquerda para a direita): Márcia Pinto, da Fundação das Salinas do Samouco; Luca Bizzocchi, astrónomo; Joana Costa; Afonso Rocha; Pedro Geraldes; Maria Alho

A que se deve o sucesso destas pequenas aves? “Os números elevados resultam da manutenção de sebes e de zonas de caniço”, justifica.Se os passeriformes estão de boa saúde, o mesmo não acontece com as limícolas. “Nas sessões que realizamos durante a noite capturamos animais que se alimentam nas salinas. Como existem problemas na gestão do nível da água nos tanques o número de limícolas tem diminuído, facto que constatamos através de contagens e de capturas, lamenta Afonso.

Felosinha (Phylloscopus collybita)

Toda esta informação integra o relatório que o biólogo envia anualmente à administração da Fundação das Salinas do Samouco.Às 8:00 horas começa a primeira ronda. É o início de um vaivém constante entre a sala de trabalho da EASS e os cinco locais onde estão as redes. A captura e a manipulação causam stresse aos animais, pelo que tudo se faz para assegurar o seu bem-estar, como garantir que: ficam menos de 30 minutos enleados nas redes (onde também estão expostos ao frio e a predadores); assim que saem das redes passam para a tranquilizante escuridão de sacos

pano; esperam menos de uma hora na sala de obervação.

Afonso e Luca carregam ao pescoço os sacos de pano com as aves capturadas na rede

Com o Sol já acima do horizonte, a planície do Samouco revela parte da biodiversidade que habita os seus 360 hectares. Junto ao caminho, a atenção dirige-se para a característica algazarra provocada por um bando de bicos-de-lacre que saltita entre a vegetação. “Esperemos que não caiam nas redes. São o maior pesadelo dos anilhadores”, brinca o biólogo Pedro Geraldes, membro da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e um dos voluntários desta sessão. “Os estorninhos são piores – são maiores e fazem ainda mais barulho”, contrapõe Afonso.

 Pedro Geraldes a braços com uma felosinha...

O trabalho prossegue a bom ritmo. Na EASS a observação começa pela perna. No caso de já estar anilhada regista-se a informação gravada na anilha. Caso contrário coloca-se uma nova. De seguida mede-se o tarso e a asa, determina-se o sexo e idade do indivíduo, avalia-se o estado da plumagem, o nível de gordura e o de massa muscular. Por último, a pesagem, e a posterior colocação numa caixa sob a mesa, que conduz a uma abertura para o exterior do edifício.

Além da saúde das populações, a anilhagem científica de aves também possibilita a identificação de rotas migratórias, estratégias de migração, áreas utilizadas para alimentação e para repouso. Em Fevereiro, Afonso regressará ao Samouco para outra campanha de anilhagem, no âmbito do seu doutoramento, para investigar a importância das salinas face ao estuário, na alimentação das limícolas. “As aves acumulam gordura na cavidade inter-clavicular. Os isótopos de enxofre presentes nessa gordura traduzem diferentes concentrações de salinidade, pelo que indicarão se elas alimentam-se mais no estuário ou nas salinas”, explica.

Toutinegras-de-cabeça-preta (Sylvia melanocephala)

Para já, Afonso continua atarefado a tomar nota das medidas apregoadas pelos outros anilhadores. Até ao momento, a maioria das aves tem menos de dois anos, pelo que é bastante saudada a recaptura de uma toutinegra-de-cabeça-preta, natural do Samouco, com mais de 5 anos. Em sessões anteriores o record deste dia foi largamente superado: “A ave mais velha que encontrámos foi um garajau-comum (Sterna sandvicensis), anilhado na Suécia e recapturado aqui, com 23 anos. Também recapturámos um borrelho com 18 anos, anilhado aqui durante os estudos preliminares para a ponte Vasco da Gama”, conta Afonso. E que ave veio de mais longe? “Há limícolas vindas da Islândia e outras da Polónia”.

Estação de Anilhagem das Salinas do Samouco. Luca, Afonso e Maria

Já passa da hora de almoço. A sessão de anilhagem chega ao fim sem incidentes de maior. Todas as aves estão bem, incluindo as três felosas mais ariscas que escaparam das mãos dos anilhadores e voam rente ao tecto. “Aquela janelita fica aberta. Elas acabam por sair”, assegura o vice-presidente da APAA. Balanço da sessão? Das 115 aves capturadas, pertencentes a 12 espécies, 30 estavam já marcadas e 85 foram anilhadas. Os estorninhos e os bicos-de-lacre deixaram as redes em paz, mas 93 felosinhas e um tordo com "penas" na venta encarregaram-se de manter os anilhadores

ocupados.

Os resultados das várias campanhas de anilhagem realizadas no país encontram-se na Central Nacional de Anilhagem, entidade do Instituto da Conservação da Natureza (ICN).

31
Jan13

Felosinha

Arca de Darwin
De certeza que já a viu. O Inverno é ideal para observá-la em qualquer jardim, parque ou baldio, pois é nesta altura que é mais abundante. Mais pequena e bem mais irrequieta do que o pardal, a felosa-comum (Phylloscopus collybita), ou felosinha, mede 11 centímetros de comprimento e distingue-se das outras felosas pelo tom cinzento acastanhado da plumagem, pernas escuras e lista supraciliar (por cima do olho) pouco distinta.

22
Jan13

Corvo-marinho-de-faces-brancas

Arca de Darwin
Em praias ou em zonas urbanas costeiras, em estuários ou em águas interiores, é fácil observar o corvo-marinho-de-faces-brancas (Phalacrocorax carbo), e em qualquer altura do ano, ainda que seja mais abundante no Outono e no Inverno. A plumagem é preta, com uma mancha branca nas bochechas (tal como o nome indicia). No entanto, no início da Primavera despontam manchas brancas no pescoço, cabeça e coxa dos adultos reprodutores. Os olhos são verdes. 

Corvo-marinho-de-faces-brancas. Parque das Nações, Lisboa.

Alimenta-se de peixes, mas ocasionalmente consome caranguejos, rãs, patos juvenis e ratazanas. Depois de caçar é frequente observá-la em terra, com as asas abertas expostas ao sol, para secar as penas. Mede cerca de 90 centímetros de comprimento e 145 centímetros de envergadura.

Praia de São Rafael, Algarve.

Esta ave da ordem dos pelicanos (Pelicaniformes) vive em colónias. A nossa subespécie (P. c. sinensis) constrói ninhos em árvores. Estas, ao fim de alguns anos, morrem devido à acumulação dos corrosivos dejectos – o chamado guano, que se usa como fertilizante.

Colónia num pilar da ponte Vasco da Gama, Lisboa.

Está presente nos cinco continentes. No passado caçaram-no quase até à extinção por competir com os pescadores. A protecção legal e a proliferação de aquaculturas reverteram a tendência populacional da espécie, mas o conflito com os humanos ainda existe. Por exemplo, um relatório de 2002 referia que na Noruega, todos os anos, abatiam-se legalmente cerca de 10.000 corvos-marinhos-de-faces-brancas.

Foz do Trancão, Lisboa.

Por cá o Instituto de Conservação da Natureza também considera a caça (ilegal) como uma ameaça à espécie, e acrescenta outros factores, como a poluição da água, a perturbação causada pelo homem, a colisão com linhas aéreas de transporte de energia e a instalação de parques eólicos.

Alcochete.

Adulto reprodutor. Praia de São Rafael, Algarve.

Dois adultos reprodutores.

Mais sobre mim

foto do autor

Siga-nos no Facebook

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2022
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2021
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2020
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2019
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2018
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2017
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2016
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2015
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2014
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2013
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2012
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D