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Set12
Tributo ao outro pai da Evolução
Arca de Darwin
A partir de hoje está online, num só site (wallace-online.org), toda a extensa obra do britânico Alfred Russel Wallace (1823-1913). Quem foi este homem? Tão só o pai da Teoria da Evolução por selecção natural. E Darwin? Também. A verdade é que ambos chegaram à mesma conclusão, ao mesmo tempo, e em separado.Depois, alguns textos menos “felizes” de Wallace e o facto de ele próprio cunhar o termo “Darwinismo” – título do livro que publica em 1889 e onde defende as ideias de Darwin – consagram Darwin como o genial pai da Teoria da Evolução – e, de facto, é – e remetem Wallace para um lugar secundário na História da Ciência.Os dois “conhecem-se” quando Wallace está na Malásia, em 1858 (Darwin publica A Origem das Espécies em 1859). Wallace, naturalista, envia uma carta a Darwin acompanhada de um manuscrito. Pede-lhe que leia e, caso ache “interessante”, o remeta ao geólogo Charles Lyell. Darwin achou-o mais do que interessante! Ao lê-lo constata que ambos chegaram às mesmas conclusões. É um Darwin perturbado que reencaminha o manuscrito a Lyell. Na carta que o acompanha escreve: “Os seus próprios termos são títulos dos meus capítulos. (...)Toda a minha originalidade será esmagada”. Nesse ano, Lyell sugere apresentar as teses de ambos na Sociedade Lineana - o que acontece. Darwin e Wallace tornaram-se amigos, e o primeiro sempre tratou o segundo como “co-descobridor” da Teoria de Evolução.Em termos de pensamento, os dois discordaram sobre o alcance do darwinismo: Wallace considera que a selecção natural não explica atributos humanos como a moral e a inteligência. Quanto ao resto da sua obra, os aspectos mais infelizes relacionam-se com incursões no mundo sobrenatural, mas tal não deve apagar o imenso mérito noutras áreas. Wallace foi dos primeiros a alertar para a necessidade de conservar espécies ameaçadas e é também o Pai da Biogeografia. Para este outro “filho” muito contribui o trabalho em que descreve uma “linha” (actualmente conhecida como “Linha de Wallace”), na Ásia, que separa duas comunidades faunísticas diferentes: uma associada à Ásia e outra à Austrália. De facto, a linha resulta do movimento das placas tectónicas, estruturas que, na altura, o mundo desconhecia.
Imagem: Pablo Alberto Salguero