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Arca de Darwin

"Look deep into nature, and then you will understand everything better", Albert Einstein

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Arca de Darwin

29
Out13

Finalmente vi uma!

Arca de Darwin
Em Maio de 2012 escrevi um post sobre o balanço da experiência de libertação de dez milhões de mosquitos machos geneticamente modificados na cidade de Juazeiro, Brasil. Nesse texto referi um artigo que há muito publiquei sobre uma estratégia semelhante que decorre na ilha da Madeira há mais de uma década. Objectivo? Controlar a população de moscas-das-frutas-do-mediterrâneo (Ceratitis capitata), maior praga mundial da fruta fresca.

Mosca-da-fruta-do-mediterrâneo (Ceratitis capitata), Odivelas

Assim, e na altura, a biofábrica de moscas na Madeira produzia 50 milhões destes insectos. Ontem, pela primeira vez, vi um ao vivo e a cores (na verdade, vi “uma”, já que a ausência de dois cornichos na cabeça e a presença de um ovipositor na parte final do abdómen indicam tratar-se de uma fêmea).

Nota: a Ceratitis capitata também é conhecida por mosca-da-fruta, nome comum partilhado com a famosa Drosophila melanogaster, mosca mais habitual nas nossas cozinhas. A C. capitata mede 4 a 5 mm de comprimento, pelo que é cerca de duas vezes maior do que a D. melanogaster.

18
Abr12

Por que produzimos moscas?

Arca de Darwin

Há cerca de um ano mais de dez milhões de mosquitos machos  geneticamente modificados foram libertados na cidade de Juazeiro, Brasil, com vista a combater o dengue. Como? Esta doença, que em 2008 esta doença matou 174 pessoas no estado do Rio de Janeiro, é provocada por um vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. Os insectos libertados pertencem a esta espécie, mas transportam um gene que provoca a morte prematura da descendência. Ao acasalarem com fêmeas selvagens diminuirão gradualmente a população deste vector. No final do mês passado Aldo Malavasi, coordenador do projecto, revelou no Rio de Janeiro os primeiros resultados da experiência: 85% dos ovos recolhidos no terreno são portadores do gene. Para o coordenador este valor significa que a experiência está a dar frutos. Malavasi também é director da fábrica que produz os mosquitos, a Mosca-Med, unidade criada em 2005.

Por cá, esta estratégia não é novidade, ainda que o destinatário da luta biológica seja outro. Durante o meu estágio de jornalismo – há quase uma década– escrevi sobre a Madeira-Med, biofábrica de moscas situada na Madeira que, na altura, produzia 50 milhões de insectos por semana. O objectivo é combater a mosca do Mediterrâneo (Ceratitis capitata) – na imagem - , maior praga mundial dos frutos frescos.

Os machos libertados são estéreis, pelo que os ovos que resultam do acasalamento com fêmeas selvagens não são viáveis. Assim, não surgem as larvas que se alimentariam dos frutos e causariam prejuízos elevados. O resultado é um nível de infestação inferior a 2% em 10 espécies frutícolas (anona, araçá, damasco, figo, goiaba, laranja, manga, nêspera, pêra e pêssego). E sem usar pesticidas. Para que a estratégia resulte libertam-se 9 machos estéreis por cada macho selvagem.

Mas este não é o único exemplo de controlo biológico de pragas no nosso país. Na altura, escrevi: “Por exemplo, nos Açores introduziram-se 150 mil joaninhas para combater afídeos (uma praga de citrinos) e em Trás-os-Montes usam-se larvas de joaninha para eliminar aranhiços-vermelhos (pragas das macieiras). Aliás, na Europa, Portugal foi pioneiro neste tipo de luta quando, em 1897, se introduziram joaninhas para combater icérias (praga dos citrinos), tal como se fizera em 1888 na Califórnia, Estados Unidos”.

Se quiser saber mais pormenores, ou ver como é o interior de uma fábrica de moscas, espreitem o artigo original (Sexo infrutífero na luta biológica) aqui.

                      Fotos: James Gathany (US Department of Health and Human Services) e Scott Bauer (United States Department of Agriculture)
 

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