Caparica, Outono de 2021

Costa da Caparica. (Fotos tiradas com o telemóvel.)

Os pescadores, os banhistas, os clientes, as gaivotas. Todos aguardam pacientemente que sejam recolhidos os incontáveis metros de corda que antecedem a rede. Esta última, se a sorte assim o ditar, estará carregada de peixe. E peixe mais fresco do que este só se o apanharmos nós mesmos.

O início da tarde de ontem parecia Inverno, mas aos poucos as nuvens foram desaparecendo e o Sol acabou a brilhar no horizonte.É um privilégio ter a praia aqui tão perto.

O Polvo (Octopus vulgaris) de Bordalo II mora no Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental da Costa da Caparica, em Almada, junto à praia do CDS. Esta peça de arte urbana data de 2016 e, como Bordalo já nos habituou, foi construída com materiais em fim de vida, como pneus de bicicleta, plástico de contentores, redes e material de pesca, e peças de automóveis.

Há uma frase de Jorge Luis Borges muito usada aqui na Arca: “É sempre comovente o pôr-do-sol por indigente ou berrante que seja”. O pôr-do-sol de ontem, na Costa da Caparica, teve nada de "indigente"; foi um verdadeiro espectáculo, e o último acto, protagonizado por uma nuvem no lado oposto ao do "palco", foi porventura o mais "comovente". De trás para a frente, eis os instantâneos do ocaso de ontem:

E.F. Benson (1867-1940), The Collected Ghost Stories   

Na Costa da Caparica o frenesim repete-se quando um barco chega da pesca. Centenas (milhares?) de gaivotas-argênteas (Larus michahellis) ‒ também conhecidas por gaivotas-de-patas-amarelas ‒ precipitam-se sobre o peixe rejeitado pelos pescadores. O céu é delas. O areal também.

No seguimento do post anterior, eis algumas imagens com detalhes das casas de madeira das praias da Costa da Caparica, em Almada.

Suponho que as casas nas praias da Costa da Caparica, em Almada, fossem de pescadores e que muitas ainda sejam, ainda que algumas pareçam ocupadas por turistas. As cores vivas em várias destas habitações indiciam reabilitações recentes. O maior luxo destas estruturas é, sem dúvida, o sair da porta e estar com os pés na praia.