Texto e ilustração: Miguel Appleton Fernandes (16 anos, estudante, 11º ano da área de Ciências e Tecnologias, Salesianos de Lisboa)Dia 4 de Setembro cheguei a Sagres, acompanhado de alguns familiares. No porto da Baleeira, várias empresas realizam actividades de observação de espécies marinhas (nomeadamente cetáceos e tubarões, entre outros). Na empresa Mar Ilimitado, conhecemos as três biólogas que coordenam as actividades desta empresa e, antes de embarcarmos, foi-nos feito um briefing sobre as espécies mais avistadas (no verão, altura de maior actividade da empresa) junto à costa, sendo elas, por ordem decrescente de avistamentos: o golfinho-comum, o roaz, a baleia-anã e o boto.
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Golfinho-comum (Delphinus delphis), Sagres. Foto: Cristina Appleton Fernandes
Haviam sido feitas, há dias, algumas observações raras, de tubarões-martelo (possivelmente mais perto da costa portuguesa devido ao aquecimento das águas que se verificou este verão) e de orcas. Todos os anos, no início e no fim do verão, as orcas passam por Portugal, a caminho do estreito de Gibraltar, já que este estreito é, nestas duas alturas do ano, um local de passagem dos atuns, que no verão vão desovar ao Mediterrâneo. Isto proporcionar-lhes-á uma alimentação farta e relativamente fácil.
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Golfinho-comum (Delphinus delphis). Ilustração: Miguel Appleton Fernandes
Em termos de avistamentos, nomeadamente de golfinhos-comuns, a percentagem de sucesso nas viagens é bastante elevada (acima de 90%, nesta altura do ano, como nos foi informado no briefing). Partimos para o barco, com uma das biólogas, onde o capitão, também entendido sobre as espécies e o seu comportamento, nos aguardava.
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Golfinho-comum (Delphinus delphis), Sagres. Foto: Cristina Appleton Fernandes
Iniciámos a viagem e passado pouco tempo avistei uma barbatana dorsal preta e, quando o barco desceu a onda, avistei dois golfinhos. O capitão e a bióloga confirmaram serem parte de um grupo de cerca de 30 a 40 indivíduos da espécie golfinho-comum.
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Golfinho-comum (Delphinus delphis), Sagres. Foto: Cristina Appleton Fernandes
Ficámos aproximadamente meia hora com este grupo (que é o limite de tempo, de modo a garantir uma observação sustentável, sem perturbar demasiado a dinâmica do grupo).Os golfinhos, mesmo as progenitoras com crias, nadavam animadamente junto ao barco, dando pequenos saltos fora de água, acompanhando-nos, comprovando o que nos haviam dito no briefing sobre a sociabilidade destes mamíferos. Um golfinho, que despertou a atenção de todos, saltava fora de água, caindo sobre o dorso. O capitão explicou que seria provavelmente a fim de se desparasitar ou simplesmente para se exibir para as fêmeas.
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Golfinho-comum (Delphinus delphis), Sagres. Foto: Cristina Appleton Fernandes
Após algum tempo avistámos outra vez o mesmo grupo e ficámos um curto período com ele. Pouco depois avistei várias aves no céu. Subentendi que algo de anormal se passava, porque as aves não se agrupam tão longe da costa (e tão perto da água) “só porque sim”. O capitão apercebera-se igualmente da situação e navegou até ao local. Ao chegar, vimos um Marlim-Azul, que se alimentava. O frenesim provocado à superfície atraíra as aves, cagarras, como o capitão nos indicou que se chamavam.
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Miguel Appleton Fernandes, Sagres. Foto: Cristina Appleton Fernandes
Voltámos a terra. Foi uma experiência incrível. Gostei muito e foi um dia muito bem passado na companhia da minha família e do qual certamente me vou lembrar durante muito tempo.