Julgo que o insecto nas fotos seja uma Stick Mantis (louva-a-deus em forma de pau) - Archimantis latistyla -, espécie nativa da Austrália. O corpo é castanho-claro e os machos (na foto) medem 10 cm de comprimento. As fêmeas são ligeiramente maiores - 11 cm - mas tem asas curtas que não lhe permitem voar e só cobrem metade do abdómen (e este exemplar voou assim que me aproximei dele).

São, de facto, grandes, mas uma outra espécie do mesmo género chega aos 13 cm e tem nome a condizer: A. monstrosa.

Esta A. latistyla é bastante agressiva e ataca animais de outras classes, como pequenas aves, anfíbios e répteis.

O título do post roubei-o à obra de Carlos Ruiz Zafón - A sombra do vento (Dom Quixote, 2004) -, provavelmente o melhor livro que li este ano (fica a sugestão para oferecer no Natal a quem goste de ler). Já o vento da foto é característico desta ponta da Austrália, resulta da diferença de temperatura entre a terra e o mar, e nos primeiros dois meses do Verão começa a soprar entre o meio-dia e as três da tarde. Na zona de Perth é conhecido por Fremantle Doctor, pois parece entrar por essa localidade à beira-mar plantada. O Doctor deve-se ao alívio que nos dias mais quentes traz aos habitantes de Perth (e não só, já que viaja até 100 km rumo ao interior da Austrália). Nos dias em que faz greve as temperaturas em Perth sobem acima dos 40 ºC..

Numa parede Perth(o) de si, mais exactamente em Fremantle, Austrália. Peça de Anya Brock.

O ambiente antes de um jogo de futebol é muito diferente na Austrália. As diferenças começam com o próprio jogo. O football australiano, ou footy, pouco tem a ver com o nosso futebol: sim, marcam-se golos com o pé, mas a bola é oval e também se joga com a mão.

E é um desporto violento, sendo rara a semana em que algum atleta não vai parar ao hospital, com uns ossos partidos ou uns dentes a menos, e não apareça nas manchetes dos jornais por comportamento impróprio, dentro e fora do estádio.

Em contraste com o que se passa no terreno de jogo, à volta do estádio o ambiente é calmíssimo. No sábado passado, na semifinal entre os Fremantle Dockers e Port Adelaide Power, cheguei ao estádio 2 horas antes do jogo para observar a festarola. Nada. Ninguém.

Voltei para a localidade mais próxima, Subiaco, onde já encontrei alguns indícios da aproximação do grande jogo. Os fãs estavam nos cafés e restaurantes. A proibição de beber álcool na rua explicará parte deste ritual... e é certo que aqui não existem roulotes com pregos e bifanas.

Uma hora antes do jogo voltei ao estádio. Aqui e ali já se encontram adeptos - todos da mesma equipa -, mas o ambiente está longe do que se vive em Portugal.

Com o aproximar da hora do jogo as diferenças tornam-se evidentes. O silêncio salta à vista. Conversa-se, mas baixinho. Há tantas mulheres quanto homens e há gente de todas as idades. Há inúmeras crianças, grávidas e até bebés.

De vez em quando um adepto de Port Adelaide passa por entre a mancha roxa, mas ninguém parece notar a sua presença.

Cerca de 15 minutos antes do início do jogo começam a formar-se longas filas nas diferentes entradas. Cada adepto que chega parece surpreendido e desgostoso com a espera que se avizinha, mas todos os jogos acontece o mesmo.

Nos últimos minutos acelera-se o passo.

O jogo começa e muitos continuam cá fora. Outros ainda nem chegaram. Lá dentro a multidão vibra com cada golo, projectando o som a alguns quilómetros de distância.

No segundo período os Dockers lideravam com 31 pontos de avanço, mas perderam por 105-83.

Chama-se Badpiper e garante ser o único gaiteiro-flamejante-punk-rock.

A Ilha do Pessegueiro, em Porto Covo, surge no horizonte como que por magia, quando por momentos e a estrada se eleva na planície. A surpresa não perde o encanto com o multiplicar do número de visitas. O mesmo acontece quando regresso a Lisboa depois de uma temporada longa a Sul e a cidade espraia-se ao longo do Tejo e até ao mar à medida que se percorre o tabuleiro da ponte. Há algo de imutável nestas paisagens. No entanto, outros cenários atraem pela permanente mudança. É o caso de Fremantle, Austrália, cujo porto transforma-se ao sabor das gruas, navios e mercadorias.

http://youtu.be/TC_me6y1gk0

Gravei este vídeo há 4 dias. No dia seguinte, uma tempestade arrancou as amarras do navio verde e amarelo (que se vê nos primeiros segundos) e arrastou-o contra a ponte onde passa o comboio.