É um prazer divulgar mais um livro da dupla Paulo Caetano / Joaquim Pedro Ferreira sobre o património natural português. Tal como os anteriores, vale bem a pena ler este Senhores do Bosque - Ungulados Silvestres em Portugal (Editorial Bizâncio).
O livro revela-nos a biologia, comportamento e história dos maiores seres que deambulam nos nossos bosques e florestas, ou seja, cabras monteses, muflões, veados, corços, gamos e javalis.
Imagens: Joaquim Pedro Ferreira
O "ungulados" do subtítulo refere-se à característica morfológica que os une - uma unha fendida que forma dois dedos -, mas há outro "fado" que os liga: são presas.
Imagem: Joaquim Pedro Ferreira
Presas para os animais selvagens, como o lobo, e, principalmente, para os humanos. E assim tem sido desde tempos imemoriais, como atestam as gravuras de Foz Côa, um dos assuntos abordados em Senhores do Bosque.
Imagem: Joaquim Pedro Ferreira
As relações entre humanos e ungulados não se restringem a predador-presa. Por exemplo, o livro também fala daqueles que estudam estas espécies e da relação conflituosa destas com as comunidades rurais.
Imagem: Joaquim Pedro Ferreira
A composição da fauna de ungulados portuguesa variou ao longo do tempo. "Algumas espécies não resistiram e desapareceram, fruto das mudanças climáticas, da destruição dos habitats e da perseguição humana. Foi o caso da camurça, do gamo e da cabra montês. Os gamos regressaram aos seus territórios ancestrais, pela mão dos romanos e de vários monarcas, tornando-se animais de parque, enquanto as cabras monteses acabaram colonizando, recentemente e por acidente, as grandes serranias do nosso único Parque Nacional", lê-se no press release de Senhores do Bosque.
Imagem: Joaquim Pedro Ferreira
No interior da obra, as imagens de Joaquim Pedro e as palavras de Paulo Caetano transportam-nos para o bosque, deixando-nos num lugar privilegiado a assistir aos eventos mais dramáticos da vida destas criaturas:"Antes de iniciarem as lutas, como em preparação para a dureza dos tempos que se aproximam, os animais roçam as hastes nos troncos das árvores para fazerem saltar o veludo que cobre as armações. Sempre com movimentos lentos e vigorosos, num prelúdio dos duelos que se avizinham.
Imagens: Joaquim Pedro Ferreira
Durante esse período, agitados e em estado de tensão permanente, os machos dominantes não perdem de vista o seu grupo de fêmeas, exercendo uma vigilância apertada. De tal forma que, durante as várias semanas de brama, raramente têm oportunidade de se alimentarem. A abstinência forçada, o desgaste provocado pelos sucessivos duelos e a necessidade instintiva de cobrir as cervas receptivas acaba por reduzir drasticamente o seu peso e o seu vigor."
Imagem: Joaquim Pedro Ferreira
De facto, a não perder!