Quase primavera
As primeiras andorinhas já chegaram há umas semanas; as lagartixas-do-mato já se aquecem ao sol; as orquídeas, as cilas-de-uma-folha e as campainhas-amarelas já enfeitam os prados e baldios - já cehira a primavera...
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As primeiras andorinhas já chegaram há umas semanas; as lagartixas-do-mato já se aquecem ao sol; as orquídeas, as cilas-de-uma-folha e as campainhas-amarelas já enfeitam os prados e baldios - já cehira a primavera...
A lagartixa-do-mato (Psammodromus algirus) já surgiu em vários posts da Arca (por exemplo, neste), mas ainda não tinha fotografado um macho na época de reprodução com o característico tom forte alaranjado na garganta e na parte lateral da cabeça, e os ocelos azuis nos flancos.
Os muros junto às paragens de autocarro à entrada da ponte 25 de Abril, em Almada, estão decorados com ilustrações de fauna presente na região. O autor dos murais é o artista Tiago Hacke, que já conhecemos devido ao seu trabalho no trilho da Ribeira das Vinhas, em Cascais.
O Bioblitz da Tapada, em Lisboa, teve mais de uma dezena de actividades. Além da actividade dedicada aos micromamíferos, abordados nos dois posts anteriores, também participei na dos Répteis e Anfíbios. Anfíbios, nem vê-los. Mas os répteis foram uma óptima oportunidade para observar (e fotografar) a cobra-cega (Blanus cinereus), que é um endemismo ibérico — só existe em Portugal e Espanha.
O aspecto da cobra-cega é duplamente enganador. Primeiro, não se trata de uma cobra. As cobras e a cobra-cega pertencem à mesma ordem, a Squamata, mas a famílias diferentes: Colubridae e Amphisbaenidae, respectivamente.
Segundo, a cobra-cega poderá parecer uma minhoca porque as suas escamas, ao estarem dispostas regularmente em filas longitudinais, lembram os anéis dos anelídeos.
Os olhos são vestigiais e estão cobertos por escamas. O corpo é cor-de-rosa ou cor de salmão, mas também pode ser acinzentado ou arroxeado. O comprimento pode chegar aos 28 centímetros. A cabeça é triangular e está delimitada por um sulco transversal.
A cobra-cega tem hábitos subterrâneos, pelo que vive em solos pouco compactados e fáceis de escavar. Alimenta-se de formigas e larvas de insectos e de outros artrópodes que captura no subsolo.
Durante a actividade dos répteis e Anfíbios foram capturados mais dois répteis já nossos conhecidos:
— a osga-comum (Tarentola mauritanica), de quem já falámos aqui, aqui e aqui.
— e a lagartixa-do-mato (Psammodromus algirus), de quem já falámos, por exemplo, aqui.
Os monitores da actividade trouxeram ainda uma muda de pele de cobra-de-ferradura (que entretanto mudou o nome de Coluber hippocrepis para Hemorrhois hippocrepis — o gaiteiro-negro já não está sozinho no seu azar) que tinham encontrado na Tapada no dia anterior.
O trilho da Ribeira das Vinhas fica por trás do Mercado da Vila, em Cascais. Recuperado o ano passado, permite passear a pé ou de bicicleta ao longo de 3 quilómetros que atravessam zonas de pinhal, matos e hortas. Mas o que torna único este percurso são as dezenas de pinturas da autoria do artista Tiago Hacke — realizadas em pedras ou em caixas de visita do saneamento pluvial —, que retratam espécies animais existentes no concelho, algumas das quais podem ser observadas ao longo do trilho. Todas as fotos que se seguem foram tiradas no trilho.
Melro-preto (Turdus merula)
Coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus)
Não sei o nome deste poço pequenito, em Carvalhais (São Pedro do Sul) mas tem a grande vantagem de ficar a uns poucos minutos de distância, a pé, do recinto (campo de futebol) do Tradidanças.Para lá chegar desce-se a estrada que passa por trás do cemitério e depois vira-se à direita, logo que se começa a ouvir a água a correr.
O caminho de terra faz-se já sob a protecção da copa das árvores, ao longo das margens muradas que cingem o rio. E esse caminho tem muito para ver: libelinhas, borboletas, aves, répteis, flores...
Esporas-bravas
Borboleta-tigrada
Alfaiate
Estes dias nublados em que o Sol espreita de quando em quando não são maus para observar répteis. Como precisam do calor exterior para regular a temperatura interna (animais ectotérmicos), parece que a ânsia de aproveitar cada raio de Sol torna-os mais tolerantes à presença humana.
Já aqui falei da lagartixa-do-mato (Psammodromus algirus), mas acrescento estas três imagens porque na 1ª quase que se consegue contar cada escama da cabeça, na 2ª nota-se a desproporção do tamanho da cauda face ao do corpo, e na 3ª vê-se um juvenil, com a cauda aparentemente translúcida.
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