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Arca de Darwin

"Look deep into nature, and then you will understand everything better", Albert Einstein

"Look deep into nature, and then you will understand everything better", Albert Einstein

Arca de Darwin

14
Jun13

A hora da garça

Arca de Darwin
Dispersas em pequenos bandos durante o dia, as garças-boieiras reúnem-se ao final da tarde em colónias na copa de árvores. Durante essa viagem para a “caminha” pintam o céu de pequenas manchas brancas, ou de silhuetas negras que parecem perseguir os últimos raios de Sol.

Garças-boieiras (Bubulcus ibis), Herdade de vale Gonçalinho, Castro Verde

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08
Jan13

LPN: Balanço de 2012

Arca de Darwin
A Liga para a Protecção da Natureza (LPN) apresentou ontem o balanço de 2012. Em comunicado, e entre outros assuntos, esta ONG ambiental destaca pela negativa “a proposta da ex-AFN para liberalizar as plantações florestais com espécies exóticas”,  “o novo Plano Estratégico dos Transportes que ataca a utilização dos transportes públicos”, e o fim anunciado da Reserva Ecológica Nacional, “ferramenta de conservação, ordenamento do território e protecção civil”.

Entre as várias iniciativas realizadas pela LPN em 2012 saliento a “entrada em funcionamento da Rede de Campos de Alimentação para Aves Necrófagas do projecto LIFE Habitat Lince Abutre”. Estes campos são fundamentais para a recuperação do abutre-preto (Aegypius monachus) - principalmente no sul do país -, espécie ameaçada pelo uso ilegal de veneno e pelas normas sanitárias comunitárias, que inviabilizam a deposição de carcaças de gado no campo. Recorde-se que esta ave, que tem estatuto de conservação Criticamente em Perigo, extinguiu-se como reprodutora em Portugal no início da década de 70 do século passado, e só voltou a reproduzir-se em 2010, no Tejo Internacional.

Abutre-preto. Foto: Dmitry A. Mottl

No plano internacional a LPN realça o agravamento de “fenómenos extremos” provocados pelas alterações climáticas, com “grave prejuízo para ecossistemas e populações”, e o (esperado) “rotundo falhanço” da cimeira Rio +20. A ONG lembra que a lista vermelha de espécies em vias de extinção conta já com 63.837 “inscritos”, e que os cinco países que “mais folgadamente” cumpriram o protocolo de Quioto – Portugal, Grécia, Espanha, Irlanda e Islândia – fizeram-no não graças à aplicação de “políticas ambientais activas”, mas sim devido à “recessão económica”.
08
Set12

Grito de revolta – o poeta que “fundou” a LPN

Arca de Darwin

Meu país desgraçado!... E no entanto há Sol a cada canto e não há Mar tão lindo noutro lado. Nem há Céu mais alegre do que o nosso, nem pássaros, nem águas ...

    Seria apenas mais uma relação entre um poeta e a sua musa, mas produziu algo mais: a paixão de Sebastião da Gama (1924-1952) pela Serra da Arrábida “fundou” a Liga para a Protecção da Natureza (LPN), em 1948.Um ano antes, confrontado com a destruição da Mata do Solitário, Gama escreveu a Miguel Neves, entomólogo da Direcção-Geral dos Serviços Agrícolas. A carta, em papel timbrado da “Pousada do Portinho da Arrábida – Telefone 607”, dizia:“Senhor Engenheiro Miguel NevesSocorro! Socorro! Socorro! O José Júlio da Costa começou (e já vai adiantada) a destruição de metade da Mata do Solitário que lhe pertence. Peço-lhe que o trave imediatamente. Se for necessário, restaure-se a pena de morte. SOCORRO!”Miguel Neves reencaminhou a carta para Baeta Neves, engenheiro silvicultor e assistente do ISA. “Este, aproveitando a realização do Congresso de Botânica Peninsular, noutra pérola do nosso património, a Serra do Gerês, desencadeou a luta apoiado pela fina flor dos cientistas e técnicos da altura – agrónomos, silvicultores, biólogos (botânicos e zoólogos) das Universidades e dos Serviços do Estado – e oficializou, em Junho de 1948, a associação Liga para a Protecção da Natureza”, conta Eugénio Sequeira, ex-presidente e actual vogal desta ONGA, no livro 60 Anos Pela Conservação da Natureza (2008).

 Gama, professor licenciado em Filologia Românica, ficou conhecido como o “poeta da Arrábida”. À sua musa dedicou o poema Serra Mãe. Eis um excerto:“O agoiro do bufo, nos penhascos, foi o sinal da paz.                                                          O Silêncio baixou do Céu,                                                                                                  Mesclou as cores todas o negrume,                                                                                            O folhado calou o seu perfume,                                                                                                      E a Serra adormeceu”.

18
Jul12

Via verde para os eucaliptos

Arca de Darwin

Mais fogos, menos biodiversidade, menos empregos, menos riqueza. Estes são os mais do que prováveis resultados de uma proposta inconcebível da Autoridade Florestal Nacional, que dá luz verde à plantação de eucaliptos. Trata-se da de revisão do actual regime que regula a aprovação, autorização ou licenciamento de acções de arborização e rearborização.

A Liga para a Protecção da Natureza já reagiu em comunicado:

- “A recente proposta (…) abre a porta à liberalização das plantações de eucalipto, ignorando que estes péssimos investimentos têm contribuído para as piores estatísticas de incêndios da Europa e para a degradação generalizada da paisagem florestal em Portugal. É uma proposta indigna para um país desenvolvido, que submete os interesses da sociedade aos interesses privados de alguns proprietários e das empresas de celulose”.

A Quercus também:

- “A Quercus apela ao Governo e à Assembleia da República para a necessidade de promover profundas alterações a esta proposta legislativa, para que não aumente mais a pressão sobre a floresta autóctone, e alerta desde já todas as entidades nas diversas fileiras florestais para a ameaça da aprovação desta legislação”.

Sobre este assunto, vale a pena ler esta crónica de Daniel Oliveira intitulada Eucaliptar Portugal, no Expresso.

Se a proposta for aprovada é, além do já referido, “um convite ao crime”, como diz Daniel Oliveira.