Imagens: NASA/JPL-Caltech/MSSS
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Imagens: NASA/JPL-Caltech/MSSS
Foto: NASA/JPL-Caltech/University of Arizona
Quando a revista Astrobiology perguntou a Cassie Conley em que consistia a sua função, ela respondeu: “A maior parte do tempo fico sentada à secretária a responder a e-mails”. Mas a doutorada em Biologia Vegetal logo acrescentou que supervisiona os procedimentos para que “todas as naves espaciais saiam limpas do sistema Terra-Lua”.
Esta é a primeira das duas responsabilidades dos departamentos de protecção planetária: assegurar que não contaminamos outros planetas, luas, asteróides e restantes corpos celestes. A segunda é certificar que os equipamentos que estiveram no espaço regressam à Terra sem extra-terrestres à boleia.
A verdade é que, tanto quanto se sabe, os alienígenas somos nós e os nossos micróbios. Desde 1970 pelo menos 11 sondas aterraram, ou despenharam-se, em Marte, onde terem existido condições para sustentar micróbios.
O problema é que as sondas que saem da Terra não estão 100% limpas. Em 2007 um estudo realizado pela NASA sobre a sala de montagem da sonda Phoenix revelou a existência de 100 mil células microbianas por metro quadrado, valor que incluía 132 tipos diferentes de bactérias. A quatro meses do lançamento a limpeza mais eficiente reduziu a contaminação, ‘apenas’ para 35 mil células por metro quadrado e 45 tipos de bactérias. Outras experiências indicam que certas bactérias poderiam sobreviver em Marte.
Daí que, desde 1967, haja um tratado das Nações Unidas sobre o uso do espaço exterior, que inclui as bases para a protecção planetária.
O grau de limpeza requerido para cada missão varia com a sua especificidade, sendo menor quando as naves apenas passam por, ou orbitam, um corpo celeste, e maior em casos em que há aterragem e exploração. Quando há contacto com outros planetas são fundamentais os conhecimentos prévios sobre os locais e os objectivos da missão. Assim, estudos sobre a evolução de estruturas químicas implicam elevado grau de limpeza dos veículos espaciais, que será ainda maior em corpos celestes com condições que permitam a sobrevivência de formas de vida terrestres – ou mesmo onde possam existir formas de vida extra-terrestre, por exemplo, devido à presença de água.
Mas de que grau de limpeza estamos a falar? “Para a superfície de uma sonda significa que por metro quadrado há menos de 300 esporos resistentes ao calor”, explicou Cassie Conley à Astrobiology. “Este valor é aceitável para explorar Marte, embora haja regiões especiais do planeta que, por terem água, obrigam a uma limpeza quatro vezes superior, o que se pode alcançar através da ‘cozedura’ da sonda num forno com calor seco”.
No caso das sondas Viking 1 e 2, lançadas em 1975, após uma pré-esterilização que reduziu os contaminantes biológicos a menos de 300 esporos por metro quadrado, seguiu-se uma esterilização por cozedura de vários dias a 125 graus centígrados. Já os todo-o-terreno Spirit e Opportunity, que pousaram em Marte em 2004, apenas foram limpos para menos de 300 esporos por metro quadrado. A sonda Phoenix, que chegou a Marte em 2008 com a missão de estudar a história da água no planeta vermelho e a habitabilidade, foi pré-esterilizada, e o braço mecânico que perfura o solo e recolhe amostras foi cozido (esterilizado) durante 30 horas, a 111 graus centígrados.
Como estas temperaturas destruiriam muitos dos instrumentos da nave, os engenheiros da NASA estão à procura de novos métodos de limpeza, por exemplo, através da esterilização a baixa temperatura através de vapor à base de peróxido de hidrogénio.
Para já a contaminação de outros planetas previne-se através da cozedura à moda antiga, da montagem das naves em ambientes esterilizados, da escolha de trajectórias que evitem colisões, e da colocação das naves em órbita durante alguns dias, de maneira a que as bactérias sejam destruídas pelos raios UV.
Imagens: 1ª imagem - NASA/JPL-Caltech/Cornell/Arizona State Univ.; 2ª imagem - NASA/JPL/UA/Lockheed Martin; imagens restantes - cortesia de NASA/JPL-Caltech
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