O crescimento do ciclismo feminino e a pandemia
(Termina hoje, 17 de setembro, a Volta a Portugal Feminina. Todas as fotos deste post são da primeira etapa — o prólogo —, em Monsanto, Lisboa.)
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(Termina hoje, 17 de setembro, a Volta a Portugal Feminina. Todas as fotos deste post são da primeira etapa — o prólogo —, em Monsanto, Lisboa.)
Há dois dias, aproveitei um passeio pelo Parque Florestal de Monsanto, em Lisboa, para fotografar algumas flores. Deste conjunto, as que neste momento são bastante abundantes e fáceis de encontrar são a orquídea Cephalanthera longifolia, o jacinto-das-searas e os maios-pequenos.
A primeira coisa em que reparamos quando olhamos para estes fungos é que se parecem com corais. Tanto o nome comum — fungo-coral — como o do género — Ramaria (ram = ramo; aria = com) — traduzem essa evidência.
Este género tem várias espécies que só se distinguem ao nível microscópico, e cujas cores variam entre o amarelo, vermelho, laranja, roxo branco e cinzento. Um artigo publicado este ano contabilizava 336 espécies em todo o mundo.
Alguns são comestíveis; muitos são tóxicos.
Crescem sobre madeira enterrada e o carpóforo (corpo frutífero) pode chegar aos 15 centímetros de altura e 25 de diâmetro.
«(...) o esquilo-vermelho, confiante e curioso, corria pelo ramo mais próximo. Se ficarmos sentados durante tempo suficiente em algum lugar atraente nos bosques, todos os seus habitantes se mostrarão à vez.»
Henry David Thoreau, Walden (1854)
Esquilo-vermelho (Sciurus vulgaris), Parque da Serafina, Monsanto, Lisboa
Inaugurada em Setembro passado, a nova peça de Vhils (aka Alexandre Farto) no Miradouro Panorâmico de Monsanto é uma homenagem à activista brasileira Marielle Franco (1979-2018), assassinada em Março deste ano no Rio de Janeiro, Brasil.Marielle foi eleita vereadora em 2016. Militante do Partido Socialismo e Liberdade, foi activista pelas causas da comunidade LGBT e criticou abertamente os abusos perpetrados pela polícia contra populações carenciadas.
"Lute como Marielle"
O mural de Vhils surgiu no âmbito do festival Iminente, e integrado no projecto "Brave Walls", da Amnistia Internacional.
O Restaurante Panorâmico de Monsanto, em Lisboa, foi inaugurado em 1968 e fechou portas em 2001. Nos anos seguintes foi utilizado para diversas funções, como escritório, discoteca, bingo e armazém.
No ano passado reabriu ao público como miradouro, proporcionando uma vista de 360º sobre a capital.
No primeiro dia em que o visitei não cheguei ao último andar, porque entretanto... fechou (abre às 9H00 e encerra às 17H30, e não às 19H00!). No segundo dia, mesmo com uma luz difusa a banhar a cidade, deu para desfrutar da impressionante vista. Se começarmos da esquerda para a direita, vemos ao longe, o Estádio da Luz, depois o aeroporto, o Aqueduto, as Amoreiras e o Castelo de São Jorge, e bem lá ao fundo, a Basílica da Estrela! Dando dois passos para a direita, ficamos de frente para a Ponte 25 de Abril e para o Cristo Rei.
Além da vista, o próprio edifício vale bem uma visita. Projectado por Chaves da Costa, conta com painéis de Louis Dourdill, altos relevos de Querubim Lapa e azulejos de Manuela Madeira. Infelizmente, muitas destas obras de arte estão (novamente) cobertas por rabiscos. Mas há muito mais para observar dentro e fora do edifício principal.
No Parque Florestal de Monsanto, em Lisboa, é relativamente fácil avistar esquilos, mas é mais difícil fotografá-los, principalmente quando se encontram no cimo das árvores, escondidos entre ramos e folhas. Este, no entanto, estava a alimentar-se no solo e, como vive num dos locais mais movimentados de Monsanto ‒ o Parque da Serafina ‒, aprendeu a ser um bocadinho mais tolerante à presença humana.
O esquilo-vermelho (Sciurus vulgaris) extinguiu-se em Portugal no século XVI, provavelmente devido à perda de habitat resultante da desflorestação (para aumentar a área de terrenos disponíveis para a agricultura e para fornecer matéria-prima para a construção naval).
Na década de 1980 alguns indivíduos entraram no Norte do país, vindos da Galiza, Espanha. Em 1993 foram reintroduzidos no Parque Florestal de Monsanto e, em 1994, no Jardim Botânico de Coimbra.
Nas últimas décadas, a expansão desta espécie tem sido notável e, actualmente, já há registos da sua presença a sul do Tejo, em regiões como Setúbal, Évora e Beja. Além fronteiras, a situação da espécie é mais complicada, principalmente em áreas onde foi introduzido o esquilo-cinzento (Sciurus carolinensis), oriundo da América do Norte, cujas populações substituem as do esquilo-vermelho ao fim de 20 anos.
O que é que o esquilo-vermelho tem em comum com a Alice Merton? Diz ela: "I like digging holes and hiding things inside them. When I´ll grow old, I hope I won´t forget to find them." O esquilo, que vive cerca de 7 anos, também gosta de enterrar coisas no solo, nomeadamente sementes, mas talvez por ter uma vida bastante ocupada ‒ pode ter duas ninhadas por ano e consome diariamente o equivalente a 5% do seu peso ‒, esquece-se frequentemente do local onde o fez. A Natureza agradece-lhe o contributo para a reflorestação.
O esquilo-vermelho é, de facto, avermelhado, mas também pode ser castanho ou, até, preto. Mede entre 18 e 24 centímetros, mais os 17 centímetros da cauda (que no Inverno serve de cobertor). Pesa cerca de 450 gramas. E é um excelente nadador!
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