O Graal da decoração
Em Portugal continental há duas espécies de osgas: A osga-comum (Tarentola mauritanica) e a osga-turca (Hemydactylus turcicus). A da foto é uma osga-comum, que é abundante no centro e sul, e mais rara no norte do país. Já a osga-turca encontra-se na região sul, o que significa que há uma área onde as duas se sobrepõem.
No entanto, há algumas características morfológicas que permitem distingui-las. Por exemplo, a osga-turca tem a pele mais lisa e as lamelas digitais (plantas dos dedos) estão divididas em duas filas, enquanto que na osga-comum têm apenas uma fila (vê-se na imagem, na pata dianteira direita).
As osgas têm vários dons peculiares, como mudar de cor consoante o estado de espírito ou a superfície onde se encontram, e separar de forma voluntária a cauda do corpo como meio de defesa - capacidade denominada de autotomia). Mas há uma habilidade que há muito ocupa cientistas de todo o mundo: treparem e agarrarem-se a tectos e paredes.
Fazem-no através de micro pêlos nos dedos, que se ligam às superfícies através das forças de van der Waals. Basicamente, “colam-se” se os pêlos estiverem num ângulo de 30 graus com a parede e libertam-se quando o ângulo é superior a 90 graus. Estas forças permitiriam que uma única osga suportasse um peso de 130 quilos. Esta “cola” não perde aderência com o uso e não requer força para “descolar”, ao contrário dos post-it e das ventosas. Imagine quão fácil seria pendurar quadros na parede ou candeeiros no tecto se conseguíssemos copiar este dom das osgas. A verdade é já vários cientistas gritaram Eureka!, mas ainda nenhum apresentou um modelo comerciável – estes aqui parecem estar perto.
A actividade de imitar a natureza tem nome – biomimetismo – e define-se como o estudo das estruturas biológicas e das suas funções, com vista a resolver problemas nas áreas de engenharia, ciência de materiais e medicina. Há vários exemplos de maior ou menor sucesso, como o velcro, o uso da estrutura dos favos das colmeias na arquitectura, ou os fatos de natação inspirados na pele dos tubarões que, de acordo com um estudo recente, até beneficiam os atletas, mas por outras razões.