24
Jan13
O ADN é um lugar estranho
Arca de Darwin
Depois do frenesim, o desmentido: “Não sou um Dr. Moreau!”, afirmou George Church, geneticista impulsionador do projecto Genoma Humano e professor da Harvard Medical School, esclarecendo que não procura uma “mulher humana aventureira” para dar à luz um bebé neandertal, aludindo ao personagem da obra A ilha do Dr. Moreau, de H. G. Wells.
Imagem: Randii Oliver/NASA
Segundo Church, a notícia que correu mundo na última semana – de que estaria prestes a reconstruir o ADN (ácido desoxirribonucleico) da espécie Homo neanderthalensis, introduzi-lo em células tronco, e finalmente injectá-las num embrião humano – é fruto de um erro de tradução por parte de um jornalista da revista alemã Der Spiegel. O geneticista apenas disse que tal processo será possível no futuro, e que deveria-se discuti-lo. E é provável que tenha razão, a julgar pelas fortes reacções que espoletou.Na última semana o ADN protagonizou outra notícia. Desta feita trata-se da existência de hélices quádruplas no genoma humano. (Primeiro dizem-nos que Plutão não é um planeta, e agora, 60 anos após a revelação da dupla hélice por Watson e Crick, abalam o nosso conhecimento com a descoberta de que, afinal, há regiões dos cromossomas com 4 hélices de ADN.)Imagem: Jean-Paul Rodriguez e Giulia Biffi
A descoberta publicada na Nature Chemistry por cientistas da Universidade de Cambridge terá implicações na luta contra o cancro. Isto porque há uma maior concentração destas estruturas em células que se multiplicam rapidamente, como acontece com as células cancerígenas. Se os investigadores conseguirem “aprisionar” estas hélices quádruplas impedirão a divisão celular e o consequente crescimento do cancro.