Flores do campo
A desconfinar na Estação de Biodiversidade de Fontelas, Loures.
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A desconfinar na Estação de Biodiversidade de Fontelas, Loures.
No início da semana passei pela EBIO de Fontelas, em Loures. As orquídeas já começaram a florir. Infelizmente, o terreno que fica do lado direito no início do percurso da EBIO foi arado e plantado. Esse terreno não só costumava ficar coberto de orquídeas piramidais como era o único local desta EBIO onde encontrei orquídeas-dos-homens-nus e orquídeas-gigantes. Neste passeio encontrei estas últimas junto à estrada, a cerca de 200 metros da aldeia (nas fotos, em baixo). A outra espécie de orquídeas que já floriu é a erva-vespa-rosada. Mas há por ali muito mais para ver e fotografar.
Hoje é o primeiro dia de Primavera. Na última semana as orquídeas da Estação da Biodiversidade de Fontelas, Loures, como se soubessem que a data estava à porta, começaram a florir. Há uns dias havia apenas um ou dois exemplares de Cephalanthera longifolia; ontem havia dezenas ao longo do curto percurso.
As flores — geralmente entre 5 e 25 — ainda não estão completamente abertas, mas aqui e ali já anteveem algumas manchas amarelas. A planta pode chegar aos 60 centímetros de altura, mas é mais comum ter entre 25 e 40 cm.
A época de floração ocorre entre Março e Julho.
Facto curioso: em Portugal a Cephalanthera longifolia não tem nome comum. Já o "longifolia" refere-se às folhas compridas e afiladas.
Encontra-se em espaços abertos ou sub-cobertos (em Fontelas está geralmente em áreas com alguma sombra), preferencialmente em solos calcários. A espécie existe na Europa, Norte de África e Ásia. Em Portugal ocorre de norte a sul e é relativamente abundante.
Em Fontelas, há algumas espécies de orquídeas que ainda não floriram, como é o caso da orquídea-piramidal. No entanto, a diversidade que ontem o local apresentava vale bem uma visita. Eis as fotos para servirem de guia:
Erva-vespa-rosada — Ophrys tenthredinifera (pouco abundante no prado a seguir à linha de água, no final do percurso)
Erva-vespa — Ophrys lutea (abundante em todo o percurso, particularmente no prado a seguir à linha de água)
Moscardo-fusco — Ophrys fusca (pouco abundante, parte intermédia do percurso)
Homens-nús — Orchis italica (1 exemplar na parte superior do percurso — no prado do lado direito)
Orquídea-gigante — Himantoglossum robertianum (1 exemplar na parte superior do percurso — no prado do lado direito)
Ontem passei pelo Cabo Espichel, Sesimbra, e percorri o perímetro do Santuário de Nossa Senhora da Pedra Mua. Perante a paisagem agreste, dominada pelo vento e pela imensidão do mar, podemos pensar que ali, num raio de 20 metros do Santuário, haverá pouca biodiversidade. Pelo contrário.
No post sobre o sardão (Lacerta lepida), os dois animais que fotografei em São Pedro do Sul eram, como referi, pequenitos. Este exemplar que estava ontem no Cabo Espichel era já adulto, e bem grande.
Outra novidade para esta área foi quase ter conseguido fotografar um falcão-peregrino (Falco peregrinus). Fica para a próxima.
Houve outras aves que pousaram para a fotografia (cartaxos, escrevedeiras-de-garganta-preta, trigueirão), outras que só vi por breves instantes (rabirruivos, pintassilgos, estorninhos, cotovias), e outras que não chegaram a aparecer (por exemplo, o mocho-galego).
Borboletas, nem vê-las. Orquídeas, duas espécies (o que é habitual, pois aparecem em sucessão) mas muito pouco abundantes: moscardo-fusco (Ophrys fusca) e orquídea-homens-nus (Orchis italica). Já os maios-pequenos (Gynandriris sisyrinchium) e as campainhas-amarelas (Narcissus bulbocodium) atapetam o chão.
Como acontece todos os anos, em Fevereiro começam a florir as primeiras orquídeas. Hoje passei pela Quinta das Conchas, em Lisboa, e encontrei estes exemplares de duas espécies já nossas conhecidas: a orquídea-gigante, que entretanto mudou o nome científico de Barlia robertiana para Himantoglossum robertianum, e a erva-vespa, que continua a chamar-se Ophrys lutea. Encontrei vários exemplares de orquídea-gigante e apenas um da erva-vespa.
Orquídea-gigante
Erva-vespa
No Hemisfério Norte começou o Outono, no Sul a Primavera. Esta é a segunda orquídea silvestre que encontro aqui na Austrália. Chama-se Pink Fairy (Fada cor-de-rosa) - Caladenia latifolia - e cresce até 40 centímetros.
Apesar do nome, alguns especímenes produzem flores brancas.
É um bio-indicador da qualidade do solo.
Abelhas e escaravelhos são os principais polinizadores.
Aqui no Hemisfério Sul faltam poucos dias para o início da Primavera. Tal como em Portugal, é esta a estação das orquídeas silvestres {a Arca tem vários posts sobre as orquídeas silvestres portuguesas; neste encontra um resumo e links para as diferentes espécies}. A da imagem chama-se White Spider Orchid (orquídea-aranha-branca).
Como o nome sugere, o artrópode que a flor atrai é uma aranha, de cor branca (a minúscula aranha-caranguejo). Por outro lado, devido às longas pétalas pendentes, houve quem a baptizasse de Daddy Long Legs (paizinho de pernas compridas).
Pequenina - o centro da flor mede apenas 1 cm -, é endémica da Austrália Ocidental, onde existem 16 sub-espécies em resultado da fragmentação do seu habitat, a qual é uma das principais ameaças à espécie.
Estamos em plena época de floração das orquídeas selvagens. De norte a sul do país podem-se observar cerca de 50 espécies destas plantas que imitam a forma, cheiro e cor dos insectos que as polinizam. Segue-se um apanhado das já apresentadas aqui na Arca (com os respectivos links).
Género Aceras
Erva-do-homem-enforcado (Aceras anthropophorum)
Género Anacamptis
Orquídea-piramidal (Anacamptis pyramidalis)
Erva-perceveja (Anacamptis coriophora)
Género Barlia
Orquídea-gigante (Barlia robertiana)
Género Cephalanthera
Género Epipactis
Heleborinha-comum (Epipactis tremolsii)
Género Limodorum
Limodoro-mal-feito (Limodorum abortivum)
Género Ophrys
Flor-dos-passarinhos (Ophrys scolopax)
Erva-abelha-maior (Ophrys speculum subsp. speculum)
Erva-vespa-rosada (Ophrys tenthredinifera)
Género Orchis
Orquídea-gigante (Barlia robertiana), Serra da Arrábida
Como é a primeira orquídea a florir em Portugal, é também das primeiras a murchar (esta que encontrei na Serra da Arrábida no início do mês já não estava grande forma), mas ainda se encontram exemplares engalanados até ao final de Março.
Orquídea-gigante (Barlia robertiana), Serra da Arrábida
Habita em prados, clareiras de matos e bermas de estrada e prefere solos calcários.Abelhões, Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa
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