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Arca de Darwin

"Look deep into nature, and then you will understand everything better", Albert Einstein

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Arca de Darwin

11
Fev13

Gato doméstico: o exterminador

Arca de Darwin
Nos Estados Unidos os gatos domésticos (Felis silvestris catus) matam (ainda) mais animais selvagens do que se pensava, conclui um estudo publicado no final de Janeiro. Os números são alarmantes: estima-se que os bichanos eliminem todos os anos entre 1,4 mil milhões e 3,7 mil milhões de aves e entre 6,9 mil milhões e 20,7 mil milhões de mamíferos. Os gatos sem dono causam a maioria destas mortes.

Outro estudo, no Reino Unido, estimou que num período de 5 meses os gatos com dono matam entre 85 milhões e 90 milhões de presas (52-63 milhões de mamíferos; 25-29 milhões de aves; 4-6 milhões de répteis e anfíbios). A previsão resultou de um inquérito sobre os animais que os gatos trazem para casa.

Um aparente contributo para solucionar o problema são as campanhas de captura, esterilização e recolocação de gatos vadios (Programas CER) – que também existem em Portugal –, mas os autores do estudo norte-americano temem que estas apenas agravem a situação, pois não retiram os animais dos ecossistemas e “encorajam” os donos de animais indesejados a abandoná-los na rua. Daí que haja quem defenda a captura e eliminação dos gatos vadios. Por cá, os gatos domésticos também são fonte de preocupação por “contaminarem” os genes do gato-bravo. Na sua tese de doutoramento sobre a conservação do gato-bravo no sul da Península Ibérica, Joaquim Pedro Ferreira propõe que nas áreas rurais se limite o acesso dos gatos a comida e ao interior de edifícios que servem de refúgio. E acrescenta: “O controlo de ratos nos celeiros pode ser feito por corujas-das-torres (Tyto alba), para isso basta que exista uma janela num sítio inacessível aos gatos”.

O impacto destes felinos domésticos na fauna selvagem é particularmente notório em ilhas. Por exemplo, na Nova Zelândia os gatos contribuíram para a extinção de 6 espécies de aves endémicas e de mais de 70 subespécies. Já na Ilha Marion, África do Sul, cinco gatos foram introduzidos em 1949 com o objectivo de controlar uma infestação de ratos. Em 1977 já existiam 3.400, os quais mostraram um apetite especial por pardelas, levando algumas espécies destas aves marinhas à extinção.

Esta predação de gatos sobre pardelas foi notícia em Portugal em Agosto de 2011 quando uma cria de pardela – seguida via internet através de uma câmara colocada num ninho – foi morta. A captação das imagens inseria-se no projecto “Ilhas Santuário para Aves Marinhas”, coordenado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA). Este projecto tinha como objectivo a protecção das aves marinhas na ilha do Corvo, Açores, através da erradicação de plantas invasoras e de predadores introduzidos (gatos, ratos e murganhos). Da iniciativa resultou a criação da Reserva Comunitária do Corvo, uma área vedada, protegida de predadores, destinada à nidificação de aves marinhas.

Em França, na ilha Le Levant, estima-se que os gatos matem anualmente 800 a 3.200 pardelas-mediterrânicas, números que, segundo um artigo publicado o mês passado na The international Journal of Avian Science, levarão à extinção da espécie. Os autores salientam que a situação da Le levant é comum a grande parte das ilhas do Mediterrâneo. Solução? Numa ilha próxima de Le Levant a solução foi “capturar os gatos, levá-los ao veterinário e dá-los para adopção no continente. Os resultados foram óptimos”, conta uma das autoras à revista SINC. Também é fundamental sensibilizar as populações para a necessidade de reduzir a quantidade de gatos errantes, o que se consegue através da esterilização e do não abandono dos animais.

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