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Arca de Darwin

"Look deep into nature, and then you will understand everything better", Albert Einstein

"Look deep into nature, and then you will understand everything better", Albert Einstein

Arca de Darwin

26
Jun19

Tranquilo... mas poluído

Arca de Darwin

Tirei estas oito fotos ontem, no Parque das Nações. Um dia antes soube-se que a qualidade do ar nesta zona de Lisboa é ainda pior do que a da Avenida da Liberdade. As aparências iludem...

Esta poluição é grave. Pode, por exemplo, provocar problemas respiratórios e cancro do pulmão.

Percebo que a solução para o problema não seja fácil, e que poderá até incluir medidas como as propostas pela Associação Zero, a responsável pelo estudo da poluição ― medidas como definir horários de entrega fora da hora de ponta. Mas dificilmente haverá uma solução que não passe por uma aposta séria nos transportes públicos.

Este problema (como outros problemas ambientais) precisa de uma estratégia de fundo que tarda em aparecer. É fácil perceber que essa estratégia não existe por parte de quem manda quando, por exemplo, num mundo que tenta reduzir os combustíveis fósseis, têm de ser os cidadãos a parar a suspensão de petróleo em Aljezur. Pior: depois de o terem conseguido em tribunal, o Ministério do Mar recorreu da decisão.

Quanto aos transportes públicos, ficou claro que os cidadãos aderem em massa a este meio de transporte. Bastou uma redução de preço, como se viu com o novo passe. Agora imagine-se como seria se houvesse mais comodidade e segurança, se a frequência dos transportes aumentasse, se houvesse parques de estacionamento suficientes junto às estações de metro periféricas, se os transportes públicos fossem não poluentes. Ou se os transportes públicos fossem gratuitos no centro da cidade, como acontece lá fora. Isto só parece ficção porque a realidade é o que ocorreu em Aljezur, é a Soflusa, é a solução de retirar lugares sentados para caberem mais pessoas em pé. A realidade é, a bem dizer, uma vergonha.

29
Set18

Notas do discurso de Jacinda Ardern, primeira-ministra neozelandesa, na ONU

Arca de Darwin

Vale bem a pena ver e ouvir todo o discurso que Jacinda Ardern, 38 anos, proferiu na sede da ONU há dois dias. Em baixo estão algumas das declarações mais relevantes sobre questões ambientais, mas não só. Infelizmente, Ardern falou para uma sala quase vazia. Enquanto ouvia o discurso ocorreu-me que por cá temos um Governo que recorreu da suspensão da licença para prospecção de petróleo no Algarve, e um juiz que acha que "a ilicitude não é elevada" quando dois homens violam uma mulher desmaiada.

https://youtu.be/HiobwkovZWw

"Any disintegration of multilateralism – any undermining of climate related targets and agreements – aren't interesting footnotes in geopolitical history. They are catastrophic.In New Zealand we are determined to play our part. We will not issue any further offshore oil and gas exploration permits. We have set a goal of 100% renewable energy generation by 2035, established a green infrastructure fund to encourage innovation, and rolled out an initiative to plant one billion trees over the next 10 years. (...)

 

Jacinda Ardern e o marido com a filha ao colo, na ONU. The Guardian

In the Maori language there is a word that captures the importance of that role – Kaitiakitanga. It means guardianship. The idea that we have been entrusted with our environment, and we have a duty of care. For us, that has meant taking action to address degradation, like setting standards to make our rivers swimmable, reducing waste and phasing out single-use plastic bags, right through to eradicating predators and protecting our biodiversity. (...)

 

Tweet do marido de Jacinda Ardern

If we want the Council to fulfil its purpose of maintaining international peace and security, its practices need to be updated so it is not hamstrung by the use of the veto. (...)It seems surprising that in this modern age we have to recommit ourselves to gender equality, but we do. And I for one will never celebrate the gains we have made for women domestically, while internationally other women and girls experience a lack of the most basic of opportunity and dignity.Me Too must become We Too. We are all in this together. (...)If I could distil it down into one concept that we are pursuing in New Zealand it is simple and it is this. Kindness.In the face of isolationism, protectionism, racism – the simple concept of looking outwardly and beyond ourselves, of kindness and collectivism, might just be as good a starting point as any. (...)"

11
Out12

“Local Hero” – um filme genial

Arca de Darwin
Quase a completar 30 anos, Local Hero (1983) não perdeu um pingo de actualidade (revi-o anteontem no tvcn2). Na altura poucos terão compreendido as palavras do realizador Bill Forsyth que classificou a obra como “mistura de Brigadoon e Apocalipse Now”. Aparenta ser uma comédia romântica, mas é um dos mais importantes, e melhores, filmes ambientais. Porquê?

Brigadoon

Mesmo que não conheça o filme, talvez conheça a banda sonora, a cargo de Mark Knopfler, figura maior dos Dire Straits. Going home, tema instrumental que encerra o álbum Alchemy e foi o final de inúmeros concertos desta banda britânica, paira sobre o enredo como personagem omnipresente. A maior parte do filme passa-se na Escócia, numa aldeia à beira-mar. Knopfler, que é escocês, escreveu Going home à medida que Forsyth lhe mostrava fotografias dos locais onde rodaria película. Cada nota traduz um elemento daquela romântica e deslumbrante paisagem litoral, desde as dunas até à aurora borealis. Ao som de Going home regressamos à Natureza. Curiosidade: no filme a música é interpretada durante uma festa por uma banda local, da qual Alan Clark, teclista dos Dire Straits, faz parte.

Apocalypse Now

A sinopse do filme é quase inócua: “Uma companhia petrolífera norte-americana envia um representante à Escócia, com o objectivo de comprar uma aldeia onde se construirá uma refinaria”. Mas os derrames de petróleo que entretanto ocorreram – com o do Golfo do México à cabeça – lembram-nos de que estamos perante um sector que já provocou graves danos ambientais, económicos e sociais. Mais recentemente, o espectro da exploração de petróleo no Árctico, por parte da Shell, e os planos da britânica SOCO International para explorar petróleo no Parque Nacional Virunga, Congo, um dos últimos redutos do gorila, remetem-nos para muitos temas latentes em Local Hero, da ganância contagiante ao estilo de vida insustentável, passando pelo crescente afastamento face ao mundo natural. À pergunta “Quanto vale a baía?”, Ben (Fulton Mackay), o velhote que herdou a praia onde vive, numa casa de escombros, responde com um sorriso.Antes e depoisOutros filmes, de marcado cariz ambiental, surgiram antes de Local Hero, como Soylent Green (À beira do fim, 1973) – lançado um ano após a Conferência de Estocolmo, precursora da Cimeira da Terra, realizada no Rio de Janeiro, em 1992 – e O Síndroma da China (1979), mas a obra-prima de Forsyth não só antecedeu blockbusters como Gorilas na Bruma (1988), Erin Brockovich (2000), Syriana (2005), Michael Clayton (2007) e Avatar (2009), como inspirou inúmeros argumentos, de Em terra selvagem (1994) e Corrupção total (1997) e até à série No fim do mundo (Northern Exposure), onde encontramos no jovem médico Joel transformações semelhantes às de Mac (Peter Riegert), norte-americano que começa por passear de fato e gravata na praia de Ferness, na Escócia, em ritmo acelerado e sem desviar os olhos do seu interlocutor, e acaba sentado nas rochas, com os pés descalços dentro de água, a apanhar conchas.A cabine

Todos os anos fãs de Local Hero rumam a Pennan (Ferness) e detêm-se frente à cabine telefónica vermelha, “personagem” de algumas das cenas mais icónicas do filme. A verdade é que a cabine não existia em Pennan antes da rodagem, mas ali permaneceu após apelos dos turistas e admiradores de Local Hero. Na era dos e-mails e telemóveis aquele cubículo evoca tempos mais pausados e mais partilhados, e, de certa forma, mais sustentáveis. Essa memória é também uma das grandes virtudes deste filme, mas não é a única.

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