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Arca de Darwin

"Look deep into nature, and then you will understand everything better", Albert Einstein

"Look deep into nature, and then you will understand everything better", Albert Einstein

Arca de Darwin

09
Abr13

O que sabemos sobre a percepção das crianças face às emoções dos animais?

Arca de Darwin
Por SÍLVIA ROCHA* (texto e imagens)

*bióloga, mestre em Biologia da Conservação, actualmente no 3º ano do programa de doutoramento em Psicologia (ISCTE-IUL)

A percepção das crianças em relação às emoções pode ser definida como a habilidade da criança em expressar, regular e compreender as emoções de maneira apropriada, e também de interpretar corretamente as emoções das outras pessoas. Todo este processo é fundamental para a promoção da estabilidade emocional e para a criação de interações sociais positivas ao longo da vida. Este tema tem sido muito estudado ao longo das últimas décadas no âmbito da psicologia do desenvolvimento, havendo muita informação sobre como é que as crianças vêem e percebem as emoções das outras pessoas e sobre os factores que podem influenciar este processo. Estes factores podem ser individuais, demográficos, sociais (contexto sócio-emocional em que as crianças se desenvolvem), contextuais e ambientais. À medida que crescem, as crianças não só estabelecem relações importantes com familiares e outras crianças, mas também com animais. Pela revisão bibliográfica vemos que existe um grande volume de informação sobre o papel dos animais na nossa cultura, destacando a importância das relações entre crianças e animais, incluindo os benefícios que estas interações trazem para o desenvolvimento da criança.Sabendo isto, e realçando a influência dos animais na vida das crianças, o que é que podemos dizer sobre a percepção das crianças em relação às emoções dos animais? Será que elas olham para as emoções dos animais da mesma maneira que vêem as emoções das outras pessoas? Bem, ao contrário do que se sabe sobre a percepção das emoções dos outros, muito pouco se sabe sobre como é que as crianças percebem as emoções dos animais, e sobre quais os factores que podem influenciar este processo. Considerando a relevância dos animais na vida das crianças, é estranho que este tópico não seja mais investigado. Daqui, nasceu a ideia para o meu projeto de doutoramento, em que um dos principais objetivos é averiguar a influência dos mesmos factores descritos para a percepção das crianças em relação às emoções dos outros, na percepção relativamente às emoções dos animais. De modo a obter informações sobre as crianças e a opinião que têm acerca dos animais, uma das minhas tarefas é ir a jardins e parques zoológicos para perguntar o que é que elas pensam sobre as emoções dos animais.O inquérito realiza-se depois de elas assistirem a situações emocionais espontâneas que ocorrem no grupo de animais, mais especificamente em chimpanzés e gorilas (apresentam respostas emocionais muito semelhantes às nossas). Neste contexto obtenho informações sobre, por exemplo, a percepção (que é traduzida pelo acerto da resposta da criança em relação ao verdadeiro comportamento emocional do animal), factores demográficos, níveis de experiência/exposição a animais e contexto ambiental.E é sobre este último fator que gostaria de, em seguida, fazer uma abordagem mais detalhada. Porquê? De todos os factores incluídos na minha análise, como individuais, demográficos e sócio-emocionais, o contexto ambiental onde as crianças e os animais se encontram é, de longe, o mais interessante – isto, claro, do meu ponto de vista. Através de estudos da psicologia ambiental, sabemos que o contexto ambiental onde as pessoas se encontram pode fortemente influenciar a percepção e as respostas emocionais. Da mesma maneira, e aplicando este conhecimento à realidade dos jardins e parques zoológicos, será que a percepção das pessoas e, mais importante, a percepção das crianças em relação às emoções dos animais, pode ser afetada pelo ambiente e condições onde os animais se encontram? Este é o caso particular dos zoos e parques, em que animais vivos têm um efeito muito forte na indução de respostas emocionais e na aprendizagem dos visitantes. O estudo da percepção das pessoas neste contexto ambiental é recente na literatura, e surge em paralelo com a emergente mudança do papel dos jardins zoológicos na sociedade. Cada vez mais estas entidades são obrigadas a assumir uma posição educacional com funções de conservação, em oposição à velha imagem de coleções de animais. A nova máxima é qualidade acima de quantidade. Em consequência, verifica-se a alteração do tipo de instalações dos animais, passando de espaços pequenos feitos de cimento e com grades, para instalações com design mais naturalísticos e apropriado à biologia e comportamento da espécie. São estes os zoos modernos. A realização de estudos sobre a opinião pública, relativamente ao ambiente dos zoos e de como as pessoas percepcionam estes animais, revelou que os visitantes são mais reativos aos animais quando eles estão em ambientes naturalísticos, adquirindo mais informação e aprendendo mais sobre o comportamento e ambiente natural da espécie. Estes resultados apoiam o pressuposto de que a percepção e o conhecimento das pessoas pode ser afetado pelo ambiente em que os animais se encontram. Como a maioria destes estudos é realizada com população adulta, muito pouco se sabe sobre a influência do design de instalações na percepção das crianças, e se elas associam o estado emocional do animal ao tipo de instalações. No entanto, pela minha experiência, e como seres curiosos que as crianças são, as “casas” dos animais são sempre alvo de muitos comentários e perguntas. Estas constantes referências dizem-me que o meio circundante ao animal é de algum modo importante para as crianças, que muitas vezes comparam-nos com as suas próprias casas.Ainda com muitas horas de investigação por fazer, e também a contar com alguma sorte, talvez os dados do meu estudo possam elucidar um pouco melhor a maneira de como é que as crianças olham realmente para as emoções dos animais.Apesar da falta de conhecimento, não podemos deixar de reconhecer que a aplicação de uma abordagem mais real na aprendizagem das crianças sobre o mundo natural pode ser muito importante na construção do conhecimento factual e de atitudes, bem como no desenvolvimento de empatia pelos animais. 
23
Dez12

Primatas, racismo e homofobia

Arca de Darwin

Diz o jornal Expresso (22/12/2012): “Adeptos recusam negros e gays. FUTEBOL. Estamos no século XXI e qualquer informação chega num ápice a todo o mundo, mas nem por isso estão extintas as reações primatas: o maior grupo de adeptos do Zenit de São Petersburgo – equipa de Bruno Alves, Witsel e Hulk –, o Landscrona, emitiu um manifesto onde pede ao clube que não contratar atletas negros e homossexuais (...)”.Ora, nós, humanos, somos primatas. Logo, é impossível não nos comportarmos como... primatas. O comunicado é racista e homofóbico, e é louvável criticar essas estúpidas atitudes. Mas não havia necessidade de fazê-lo usando o termo “primata” de forma pejorativa (e com erros gramaticais). Até porque entre as mais de 400 espécies desta ordem, apenas uma é “racista” e/ou “homofóbica”: a Homo sapiens.

31
Mai12

Porque são as mulheres infiéis? (parte II de II)

Arca de Darwin

(continuação) Bellis e Baker, da Universidade de Manchester, concluíram que a quantidade de esperma retido na vagina depende do momento em que a mulher atinge o orgasmo. Se este ocorrer 1 minuto antes de o homem ejacular, ou até 45 minutos depois, a maioria do esperma fica retido. Ao invés, a quantidade retida é mínima se ocorrer mais de um minutos antes do homem, ou se, lamentavelmente, não ocorrer. A retenção também aumenta com o tempo de abstinência.Em seguida, os dois biólogos ingleses realizaram 4 mil entrevistas a mulheres e verificaram que 55% das que eram fiéis tinham orgasmos do tipo mais fértil. Este valor descia para 40% nas relações sexuais das mulheres infiéis com os maridos. Já com os amantes, 75% dos orgasmos eram de alta retenção. Muitos evolucionistas argumentam que o aumento da probabilidade de fecundação, provocado pelo orgasmo tardio durante o sexo, é a única explicação científica para a existência do prazer na mulher. Um artigo publicado em 2011 na New Scientist refere outras razões (como reforçar os laços entre o casal), apenas para citar um estudo que refuta uma delas – a que propõe que o orgasmo feminino anda à boleia do masculino, isto é, os genes que determinam este “produto” muito adaptativo para os homens também estão presentes nas mulheres.Outro resultado surpreendente obtido por Bellis e Baker foi que, ainda que não fosse premeditado, as mulheres faziam sexo com os amantes (em geral, mais “atraentes” ou com maior “estatuto social” do que o marido) na altura do mês em que eram mais férteis. Perante esta descoberta os dois biólogos encararam com naturalidade os resultados de testes genéticos a famílias de dois bairros ingleses: mais de 20% dos habitantes não eram filhos dos supostos pais. (Já repararam que, quando um casal tem um bebé, a família da mulher tende a dizer que ele é parecido com o marido?)

Ora, como os dois sexos evoluíram em conjunto, é de esperar que os homens apresentem também algumas particularidades associadas ao sexo que respondam a estas características das mulheres. De facto, e tal como acontece com os ratos, a quantidade de esperma produzido é maior se, por exemplo, a mulher estiver a trabalhar fora durante o dia, do que se estiverem juntos. Além disso, há espermatozóides cuja função é destruir ou bloquear a passagem de outros.Todos estes dados sugerem uma base genética para a infidelidade. Em 2004, médicos ingleses encontraram uma tendência clara para gémeos idênticos – que partilham os mesmos genes – serem ambos fiéis ou ambos infiéis..No fundo, a espécie humana tem um sistema de acasalamento semelhante ao das aves coloniais, mas com capacidade de adaptar-se à disponibilidade de recursos, com níveis de “infidelidade” correspondentes aos esperados para primatas com testículos de tamanho médio (os gorilas têm testículos pequenos porque há um macho que domina um harém; os chimpanzés têm testículos grandes porque vivem em grupos e vários machos poderão partilhar uma mesma fêmea).É claro que a racionalidade distingue os humanos dos restantes animais, e a sociedade ocidental condena o adultério. Porém, também é verdade que esta condenação sempre foi mais drástica em relação às mulheres (um homem enganado investe recursos para criar genes que não são dele), e muitas adúlteras foram condenadas à morte.Por tudo isto, Matt Ridley diz que “o adultério e a sua desaprovação são ambos ‘naturais’”.

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