O Bioblitz da Tapada, em Lisboa, teve mais de uma dezena de actividades. Além da actividade dedicada aos micromamíferos, abordados nos dois posts anteriores, também participei na dos Répteis e Anfíbios. Anfíbios, nem vê-los. Mas os répteis foram uma óptima oportunidade para observar (e fotografar) a cobra-cega (Blanus cinereus), que é um endemismo ibérico — só existe em Portugal e Espanha.
![Blanus cinereus 1.jpg Blanus cinereus 1.jpg]()
O aspecto da cobra-cega é duplamente enganador. Primeiro, não se trata de uma cobra. As cobras e a cobra-cega pertencem à mesma ordem, a Squamata, mas a famílias diferentes: Colubridae e Amphisbaenidae, respectivamente.
![Blanus cinereus 2.jpg Blanus cinereus 2.jpg]()
Segundo, a cobra-cega poderá parecer uma minhoca porque as suas escamas, ao estarem dispostas regularmente em filas longitudinais, lembram os anéis dos anelídeos.
![Blanus cinereus 3.jpg Blanus cinereus 3.jpg]()
Os olhos são vestigiais e estão cobertos por escamas. O corpo é cor-de-rosa ou cor de salmão, mas também pode ser acinzentado ou arroxeado. O comprimento pode chegar aos 28 centímetros. A cabeça é triangular e está delimitada por um sulco transversal.
![Blanus cinereus 4.jpg Blanus cinereus 4.jpg]()
![Blanus cinereus 5.jpg Blanus cinereus 5.jpg]()
A cobra-cega tem hábitos subterrâneos, pelo que vive em solos pouco compactados e fáceis de escavar. Alimenta-se de formigas e larvas de insectos e de outros artrópodes que captura no subsolo.
![Blanus cinereus 6.jpg Blanus cinereus 6.jpg]()
Durante a actividade dos répteis e Anfíbios foram capturados mais dois répteis já nossos conhecidos:
— a osga-comum (Tarentola mauritanica), de quem já falámos aqui, aqui e aqui.
![osga-comum 1.jpg osga-comum 1.jpg]()
![osga-comum 2.jpg osga-comum 2.jpg]()
— e a lagartixa-do-mato (Psammodromus algirus), de quem já falámos, por exemplo, aqui.
![lagartixa-do-mato 1.jpg lagartixa-do-mato 1.jpg]()
![lagartixa-do-mato 2.jpg lagartixa-do-mato 2.jpg]()
Os monitores da actividade trouxeram ainda uma muda de pele de cobra-de-ferradura (que entretanto mudou o nome de Coluber hippocrepis para Hemorrhois hippocrepis — o gaiteiro-negro já não está sozinho no seu azar) que tinham encontrado na Tapada no dia anterior.
![cobra-de-ferradura 1.jpg cobra-de-ferradura 1.jpg]()
![cobra-de-ferradura 2.jpg cobra-de-ferradura 2.jpg]()