Walt Whitman (1819-1892) é O poeta da natureza. Sem ele muito seria diferente. Faltariam liberdade à poesia, fundamentos aos ecologistas, irreverência aos anos 60, e até um interlocutor a Álvaro de Campos, um dos heterónimos de Fernando Pessoa: “De mãos dadas, Walt, de mãos dadas, dançando o universo na alma”.
Leaves of Grass (
Folhas de Erva, Assírio e Alvim, 2003), conjunto de poemas editado em 1855, é a sua obra que revela maior intimidade com a natureza. Eis um excerto do poema
Song of Myself:
I think I could turn and live awhile with the animals… they are so placid and self-contained,I stand and look at them sometimes half the day long,They do not sweat and whine about their condition,They do not lie awake in the dark and weep for their sins,They do not make me sick discussing their duty to God,Not one is dissatisfied… not one is demented with the mania of owning things,Not one kneels to another nor to his kind that lived thousands of years ago,Not one is respectable or industrious over the whole world."Creio que podia regressar e viver com os animais… são tão plácidos e autónomos / Fico a olhar para eles longamente / Não se impacientam, não se lamentam da sua condição / Não jazem acordados no escuro a chorar os pecados / Não me maçam com discussões sobre os seus deveres para com Deus / Nenhum está descontente… nenhum sofre da mania de possuir coisas / Nenhum se ajoelha perante outro, nem ante os antepassados que viveram há milénios / Nenhum é respeitável ou infeliz à face da Terra".
Foto: Thomas Eakins