Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Arca de Darwin

"Look deep into nature, and then you will understand everything better", Albert Einstein

"Look deep into nature, and then you will understand everything better", Albert Einstein

Arca de Darwin

29
Ago24

Tradidanças 2024: um festival diferente

Arca de Darwin

A 6.ª edição do Tradidanças – Festival de Tradições, Dança, Música e Natureza decorreu de 31 de julho a 4 de agosto em Carvalhais, São Pedro do Sul. Ainda não tinha estado no Tradidanças na sua nova localização: deixou o campo de futebol (palco também do antigo Andanças) e passou para o outro lado da rua, para junto da cantina e do parque do campismo, no local onde antes ficavam as autocaravanas.

tradidancas 1.jpg

 

O resultado mais óbvio desta mudança é um festival muito mais fresco graças à sombra, à muita sombra de que se desfruta em praticamente toda a área do recinto.

tradidancas 2.jpg

tradidancas 3.jpg

Abro aqui um parêntesis porque a existência de dois festivais, Andanças e Tradidanças, pode ser confusa para quem não os acompanhou desde o início. Em resumo, o Andanças começou em 1996, em Évora, pela mão do já nosso conhecido Paulo Pereira em conjunto com dois amigos, e passou depois para a Serra da Gralheira, rumando em 1999 a Carvalhais onde, se bem me lembro, ficou até 2012. Quando, em 2013, a nova direção do Andanças decidiu deslocar o festival para a Barragem de Póvoa e Meadas, em Castelo de Vide, Carvalhais ficou órfã de um evento com o qual contava e ao qual se afeiçoara. Por um lado, a população não só se empenhava na organização do festival como também participava diretamente nele, em particular durante os bailes noturnos. Por outro, o festival acabava por ser um fator de desenvolvimento económico e social, até porque muitas pessoas que ali iam por causa do festival regressavam noutras alturas para conhecer melhor a região. Para colmatar a ausência do Andanças o Tradidanças surgiu em Carvalhais em 2017, no mesmo local onde antes se havia realizado o Andanças. Quem está agora à frente do festival é a Filipa Estevão Pereira, a mulher do Paulo. Quanto ao Andanças, passou da Barragem para a cidade de Castelo de Vide, e atualmente é um evento bienal que se realiza no Campinho, em Reguengos de Monsaraz.

tradidancas a 1.jpg

tradidancas a 2.jpg

tradidancas a 3.jpg

tradidancas a 4.jpg

tradidancas a 5.jpg

tradidancas a 6.jpg

tradidancas a 7.jpg

tradidancas a 9.jpg

tradidancas a 10 a.jpg

tradidancas a 10.jpg

tradidancas a 11.jpg

tradidancas a 12.jpg

tradidancas a 13 a.jpg

tradidancas a 13 b.jpg

tradidancas a 13.jpg

De volta ao Tradidanças, como a sua designação completa indica, este é um festival muito diversificado: há animação de rua; há oficinas de dança e de desenvolvimento pessoal, bailes e animações nos diferentes palcos; há concertos no palco principal e na igreja; há viagens de tradição e viagens de natureza; há oficinas sustentáveis e oficinas de instrumentos musicais; há um espaço lúdico-intergeracional… e há toda a beleza natural de Lafões que se encontra em volta.

tradidancas 2024 1.jpg

tradidancas 2024 2.jpg

tradidancas 2024 3.jpg

tradidancas 2024 4.jpg

tradidancas 2024 5.jpg

tradidancas 2024 6.jpg

tradidancas 2024 7.jpg

tradidancas 2024 8.jpg

tradidancas 2024 9.jpg

tradidancas 2024 11.jpg

tradidancas 2024 12.jpg

tradidancas 2024 13.jpg

tradidancas 2024 14.jpg

tradidancas 2024 15.jpg

tradidancas 2024 16.jpg

tradidancas 2024 17.jpg

Todas estas atividades convidam à participação ativa. A diversidade existente leva a que cada pessoa crie o seu próprio festival e acabe por ter uma experiência necessariamente diferente da de qualquer outra pessoa. E essa experiência é amiúde transformativa, porque nos sentimos inspirados a fazer coisas fora das nossas zonas de conforto, descobrindo novos interesses, aprendendo novas competências, fazendo novas amizades - é um festival que faz bem à alma.

tradidancas 2024 10.jpg

trad dia 2 g-106.jpg

trad dia 3-91.jpg

As oficinas de dança são o prato principal do festival. A diversidade é imensa e o mais difícil é escolher. O programa deste ano incluiu danças havaianas, espanholas, street dance, milonga, bollywood, capoeira, tango, tradicionais irlandesas, afro-venezuelanas, portuguesas, salsa, lindy hop, forró, atlânticas e europeias, ceilidh, gregas antigas, valsa…

danca 1.jpg

danca 2 a.jpg

danca 2.jpg

danca 3.jpg

danca 4.jpg

danca 5.jpg

danca 6.jpg

danca 7.jpg

danca 8.jpg

danca 9.jpg

danca 10.jpg

danca 11.jpg

danca 12.jpg

danca 13.jpg

danca 14.jpg

danca 15.jpg

danca 16.jpg

danca 17.jpg

danca 18.jpg

Mas o contacto com a Natureza é também um enorme atrativo. Vou começar por referir não a Natureza que faz oficialmente parte do festival, mas toda aquela que se encontra na zona de Lafões (concelhos de Oliveira de Frades, São Pedro do Sul e Vouzela). Esta região é lindíssima e merece bem uma visita. Há alguns posts antigos aqui na Arca que retratam uma pequena parte desta beleza. Destaco duas vertentes. Primeiro, e porque o festival se realiza em pleno verão, alguns dos locais onde se pode dar um mergulho em plena comunhão com a Natureza mais ou menos perto do recinto: Poço Azul, Poço Negro, Poços do Rio Teixeira, Poço Prego do Sino (também conhecido por Poço Pequeno, o único suficientemente perto do recinto para se poder ir a pé; aos outros tem de se ir de carro) e Praia Fluvial de Pouves. Depois as várias espécies que se encontram em torno do parque (muitas delas nestes mesmos poços e praia): doninha, sardão, rã-ibérica, borboleta cinzentinha, borboleta grande-laranja, borboleta esverdeada, libelinha gaiteiro-azul

lacerta lepida.jpg

Sardão (Lacerta lepida)

Quanto à Natureza «oficial», o festival tem as chamadas Viagens de Natureza, que se realizam da parte da manhã. Fui a três destas, duas “guiadas” pelo supracitado Paulo Pereira, que além de músico também é biólogo, e a outra pela Sandra Antunes, ambos da empresa NBI – Natural Business Intelligence. O Paulo partilha sempre uma infinidade de conhecimentos interessantes neste tipo de passeios — o primeiro foi sobre Biodiversidade e Soluções de Base Natural na Serra da Arada e o segundo teve por título À Descoberta das Plantas Medicinais e Comestíveis. Neste último, o Paulo foi apanhando algumas plantas comestíveis que encontrou no recinto e no fim preparou uma sopa, que ainda levou uns cogumelos que havia colhido alguns meses antes e outras plantas apanhadas no dia anterior. E estava bem boa! (Ao início salgada, por acidente, mas nada que a adição de água não resolvesse.)

paulo pereira 1.jpg

paulo pereira 2 a.jpg

paulo pereira 2.jpg

paulo pereira 3.jpg

Também falou da importância de usarmos os diferentes sentidos quando estamos a aprender a identificar uma planta. E, se a memória não me falha, também falou da importância de associarmos uma história à planta, caso contrário, não nos iremos lembrar dela. Uma história que achei curiosa foi a do verbasco (Verbascum virgatum), também conhecido por barbasco, blatária-grande, blatária-maior e verbasco-das-varas, que não é comestível, mas cujas folhas fofas eram usadas como palmilhas.

barbasco-1.jpg

barbasco-2.jpg

Verbasco (Verbascum virgatum)

Da viagem conduzida pela Sandra, a Odisseia de Borboletas e Libélulas, aquilo que mais me apetece destacar é a quantidade de crianças que participaram e que durante algumas horas estiveram concentradas em apanhar todo o tipo de insetos, o que conseguiram com grande destreza, utilizando apenas um pequeno copo de plástico e a respetiva tampa, sem precisarem da rede de borboletas. Os insetos foram depois identificados pela Sandra, que também respondeu às perguntas sobre a sua biologia e partilhou algumas curiosidades sobre os mesmos.

libelinha-vermelha-pequena-1.jpg

libelinha-vermelha-pequena a-1.jpg

Libelinha-vermelha-pequena (Ceriagrion tenellum) identificada pela Sandra (1.ª foto) e fotografada por mim (2.ª foto)

As Viagens de Tradição têm também uma forte ligação ao mundo natural. As deste ano foram, por exemplo, Serra da Arada e Broa, Água Quente e Vinho, São Macário e Linho.

linho-bravo 1.jpg

Linho-bravo (Linum bienne)

Depois de passeios, banhos e oficinas, o corpo precisa de algum descanso. Ao final da tarde, há várias oficinas de relaxamento nos diferentes palcos.

relaxamento 1.jpg

relaxamento 2.jpg

relaxamento 4.jpg

relaxamento 5.jpg

relaxamento 6.jpg

relaxamento 7.jpg

relaxamento 8.jpg

relaxamento 9.jpg

relaxamento 10.jpg

jkjk

relaxamento 11.jpg

relaxamento 12.jpg

relaxamento 13.jpg

relaxamento 14.jpg

relaxamento 15.jpg

relaxamento 16.jpg

relaxamento 17.jpg

relaxamento 18.jpg

relaxamento 20.jpg

relaxamento 21.jpg

relaxamento 22.jpg

À noite, estes mesmos palcos recebem concertos onde se pode pôr em prática o que se aprendeu nas oficinas de dança durante o dia.

concerto 1.jpg

concerto 2.jpg

concerto 3.jpg

concerto 4.jpg

concerto 5.jpg

Já o palco principal recebe os cabeças de cartaz. Um deles foi o Vasco Ribeiro Casais com o seu projeto Omiri que vale muito a pena conhecer — para ficar com uma ideia mais clara, espreite, por exemplo, este vídeo. Como se pode ler no seu site, o projeto mistura «num só espetáculo práticas musicais já esquecidas, tornando-as permeáveis e acessíveis à cultura dos nossos dias, sincronizando formas e músicas da nossa tradição rural com a linguagem da cultura urbana». Já tinha tido o prazer de assistir a um concerto há uns meses no B.Leza, em Lisboa, onde o Vasco teve duas bailarinas a acompanhá-lo em palco. No Tradidanças, convidou para o palco vários artistas, como o Paulo Pereira, A Cantadeira, Tozé Bexiga, Fio à Meada, Porbatuka e Cant’a3Vozes. Uma noite memorável.

o marta 1.jpg

o marta 2.jpg

o marta 3.jpg

omiri 1.jpg

omiri 2.jpg

omiri 3.jpg

omiri 4.jpg

omiri 5.jpg

raia e o gajo 1.jpg

raia e o gajo 2.jpg

raia e o gajo 3.jpg

Para o ano há mais.

tradidancas fim de noite.jpg

 

4 comentários

Comentar post

Mais sobre mim

foto do autor

Siga-nos no Facebook

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D